Eduardo RochaUm Ford oriental
O limite do Territory
SUV chinês da Ford aposta no custo, mas rivais tornam as vantagens relativas
com Hernando Calaza
Autocosmos.com/Argentina
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O Ford Territory segue a premissa de muitos modelos chineses, que é muito semelhante ao que os coreanos tinham algumas décadas atrás, de oferecer mais por menos. Ocasionalmente, estamos falando de mais equipamentos e metros de chapa metálica, por menos dinheiro do que outros modelos do segmento. Desde que virou uma simples importadora, a marca da terra de Donald Trump prefere atuar apenas em faixas mais altas. Por conta disso, o SUV médio-compacto é oferecido apenas na versão mais cara, Titanium.
No caso, o Territory é vendido no Brasil por R$ 215 mil, mas apresenta um nível de equipamentos equivalente ao de Volkswagen Taos Highline, Jeep Compass Série S, que rodam os R$ 230 mil. E é o mesmo valor pedido pelo Renault Boreal Iconic, que está em campanha de lançamento. A desvantagem em relação aos rivais está exatamente no fato de ser um crossover importado, com uma rede relativamente pequena, com pouco mais de 100 concessionárias – a da Jeep é o dobro disso, a da Renault é o triplo e a da Volkswagen é cinco vezes maior.
Esteticamente, o crossover médio da Ford passou por uma atualização e adotou um estilo mais horizontal, com a grade retangular que vai de um lado para o outro até encontrar faróis pequenos com pálpebras em led e acabamento preto. O mais estranho são as guarnições em preto brilhante que descem a partir dos conjuntos óticos, que parecem lágrimas negras. Nas laterais, há as típicas molduras em plástico preto nos arcos das rodas. As rodas de liga leve são de 19 polegadas. Na traseira, as lanternas são horizontais e discretas.
No interior, o SUV produzido pela JMC – Jiangling Motors Corporation – traz um painel de linhas comuns, com materiais sem qualquer requinte, plásticos de toque macio e decorações simples, incluindo uma superfície metálica. Os assentos são grandes, há couro sintético pouco refinado nos revestimentos. O Territory possui tela dupla, tela multimídia e painel de instrumentos de 12 polegadas cada. Já os comandos no volante têm aquela confusa lógica de botões com mais de uma função, dependendo de uma seleção anterior.
Impressões ao dirigir
Sem emoção
Sob o capô do Ford Territory jaz o motor 1.5 EcoBoost de quatro cilindros, com 169 cv e 25,5 kgfm, controlado por um câmbio de dupla embreagem com sete marchas e tração dianteira. Nem o câmbio é o problemático PowerShift, que escreveu uma história triste nos finados Fiesta e Focus, nem o motor traz a frágil correia de borracha banhada a óleo, como a que ameaça o motor do Ford Bronco e presente na Ranger 2.0 – apenas nesse ano, a Ford começou a substituir a peça por corrente metálica.
Ao colocar o câmbio em D, fica claro que o câmbio favorece mais a fluidez do que o desempenho. Direção, suspensões e freios estão corretos, menos diretos e firmes do que em um Ford clássico, e mais focados no conforto. O modelo passa corretamente sobre irregularidades, filtrando boa parte das vibrações. Embora o isolamento acústico não seja perfeito, permanece dentro de bons níveis de conforto.
De modo geral, o Territory honra perfeitamente a fórmula de ser um veículo grande e espaçoso com um preço competitivo. O problema para a marca é que no Brasil há competidores com preços semelhantes e mesmo nível de equipamentos, mas conceitualmente bem mais modernos – além de contarem com uma estrutura de atendimento e pós-venda bem mais robusta.
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Fonte: CARROS.IG.COM.BR