Carnaval 2022: homenagem a Mussum abre segunda noite da Série Ouro

Carnaval 2022: homenagem a Mussum abre segunda noite da Série Ouro

Pedro Siqueira/Divulgação Império Serrano vai contar a história do lendário capoeirista baiano Besouro Mangangá

Em noite em que se apresentam algumas das favoritas ao título da Série Ouro do carnaval carioca, a Lins Imperial abre a segunda etapa da disputa, nesta quinta-feira, a partir das 21h, com uma homenagem ao humorista Antônio Carlos Bernardes, que, apesar de ter iniciado sua carreira como músico, no grupo “Originais do Samba”, ficou eternizado na memória do brasileiro como o ex-trapalhão Mussum. Sua figura vai estar presente nos diversos setores da escola, mas ele será representado em carne e osso na comissão de frente por Rildo Martins e no terceiro e último carro por Jonata Santos, ambos covers do artista. Outras sete escolas desfilam na mesma noite, entre elas o Império Serrano, com o carnavalesco Leandro Vieira, e a Estácio de Sá, com reedição de samba em homenagem ao Flamengo.

Sobre a homenagem a Mussum, o carnavalesco Edu Gonçalves explica:

—  Vamos mostrar na Avenida o Carlinhos, o Antônio Carlos Bernardes Gomes. Vamos apresentá-lo como realmente deve ser. Não apenas como o Mussum trapalhão. Na primeira fase do desfile é o Carlinhos da Cachoeirinha, porque ele nasceu no Complexo do Lins, tem o pertencimento da nossa comunidade. No segundo setor apresentaremos o Carlinhos do reco-reco, sua fase sambista e fundador dos Originais do Samba, com o qual visitou o mundo. Na terceira parte do enredo apresentamos o Carlinhos da Mangueira e do Flamengo, suas duas grandes paixões além da família. Na quarta fase é que aparece o Mussum, o astro da televisão e do cinema. E, finalmente vamos mostrar o Carlinhos que a geração do século XXI conhece que é o Mussum dos memes, eternizado na internet. 

Ele espera que, com o desfile, o talento de Mussum seja reconhecido: 

— Nós esperamos que, com esse enredo, as pessoas conheçam mais do Mussum. Não só o dos Trapalhões, mas também o astro brasileiro da televisão e cinema e agora da internet. A gente espera que o Mussum seja reconhecido como um ator preto de valor.

Duas escolas que já fizeram história no Grupo Especial abrilhantam a noite: a Estácio de Sá, com uma releitura de sua homenagem ao Flamengo de 1995, ano do centenário do rubro-negro, e a Império Serrano. A verde e branco de Madureira, que fecha os desfiles da Série Ouro, é uma das grandes expectativas desta quinta-feira, com seu enredo contando a história de Manuel Henrique Pereira, imortalizado como o capoeirista Besouro Mangangá, que segundo a lenda tinha o corpo fechado e protegido pelos orixás. A escola vai mostrar ainda sua  luta pela libertação dos negros. A grande novidade do desfile virá da bateria do Mestre Vitinho, que vai trazer um naipe de berimbaus.

— O público vai ver um Império Serrano com cara de Império Serrano louvando a negritude e com uma bateria espetacular impulsionando a escola a mergulhar nesse universo da capoeira. É uma visão muito luxuosa do mestre de bateria  quando ele coloca o som da escola a serviço do enredo. É por isso que acho que o grande sucesso do carnaval do Império Serrano será o som que vem da bateria do Mestre Vitinho — acredita  o carnavalesco Leandro Vieira.

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A Estácio de Sá, a terceira escola a pisar na Avenida vem com uma homenagem ao Flamengo, no enredo “Cobra-coral, papagaio vintém; #vertirrubronegro não tem pra ninguém”. O carnavalesco Wagner Gonçalves diz que não se trata de uma reedição, mas sim uma releitura. Apenas o samba-enredo (de Adilson Torres, Caruso, David Correa e Deo) é o mesmo.  De resto, o público verá um desfile totalmente diferente daquele que a escola levou para a Avenida em 1995. O carnavalesco explica inclusive que não dava para ser uma simples reedição, porque se passaram 27 anos e muita coisa mudou de lá para cá, tanto na escola quanto no time homenageado, sem contar que o enredo na época era sobre o centenário do clube, fazendo com que o mesmo tivesse ficado datado.

— O enredo atual mostra o desfile do ponto de vista de um torcedor.  Vamos mostrar um jovem que estava na barriga da mãe, não viu o desfile e 27 anos depois abre  um livro de memórias. É uma proposta mais contemporânea nesse aspecto  — explica o carnavalesco, a acrescentando que se trata de um enredo despretensios, que quer levar alegria para Avenida e, com isso, conquistar a sonhada vitória que carimbaria o passaporte para sua volta ao Grupo Especial.

Antes da Estácio, vai desfilar a Inocentes de Belford Roxo, com o enredo “A meia-noite dos tambores silenciosos”. A escola da Baixada Fluminense vai contar na Sapucaí a história de uma tradição do carnaval pernambucano: a Noite dos Tambores Silenciosos. Uma festa que há mais de 50 anos celebra a ancestralidade negra.

Mais uma homenagem a uma personalidade das artes, a segunda da noite, será trazida pela Acadêmicos de Santa Cruz. A escola da Zona Oeste apresentará o enredo “Axé, Milton Gonçalves! No Catupé da Santa Cruz”, com o qual levará para a Avenida a história de luta e de sucesso do ator e diretor Milton Gonçalves. Toda trajetória do artista, com mais de 40 novelas no currículo e personagens marcantes no cinema, como a “Rainha Diaba”, serão mostrados no desfile.

Unidos de Padre Miguel vem com o enredo que fala de Iroko, o orixá do tempo, do conhecimento e da ancestralidade. A Acadêmicos de Vigário Geral fala da Pequena África, que surgiu com a chegada dos navios negreiros pela Baía de Guanabara trazendo escravos. O espaço será mostrado como um território de memórias de violência, mas também de cultura e resistência.

Já a Império da Tijuca homenageia as raízes negras com o seu “Samba de Quilombo: A resistência pela raiz”,  sobre o surgimento da escola de samba criada por Candeia e outros baluartes na década de 1970, como um grande manifesto de resistência negra no carnaval.

Confira os enredos

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Fonte: GENTE.IG.COM.BR