Primeira vítima foi socorrida, mas morreu no hospital
Na manhã desta quinta-feira, 15, o delegado Núbio Lopes de Oliveira, titular da Delegacia de Homicídios de Vilhena, concedeu entrevista coletiva na qual anunciou o indiciamento dos irmãos Jean e Geovane da Silva Rosa, de 18 e 21 anos, pelos homicídios praticados por eles com apenas 9 dias entre um e outro.
Na madrugada do dia 21 março deste ano, os irmãos Rosa esfaquearam o mecânico Claudir Ramos Rech (FOTO), de 56 anos. O crime aconteceu na chácara onde Claudir morava, na Linha 135, zona rural de Vilhena.
De acordo com o delegado, Geovane afirmou que, naquele dia, em um bar próximo ao local do crime, a vítima teria se insinuado para uma mulher com quem ele teria tido um romance e que isso teria causado um descontentamento. Horas depois, próximo da 1 hora da manhã, ele e o irmão invadiram a casa da vítima que estava dormindo e o esfaquearam. Achando que Claudir havia morrido, os irmãos fugiram.
Na manhã seguinte, um vizinho de Claudir que iria prestar um serviço a ele o encontrou ainda com vida, todo ensanguentado. Ele foi levado para o hospital, passou por diversas cirurgias, mas acabou morrendo 12 dias após o ataque. Claudir disse, ao ser socorrido, que teriam sido os “Polacos” os autores do ataque.
Quando Claudir faleceu, os irmãos Rosa já estavam presos. Mas, por outro crime: o assassinato de Lindomar de Souza, na noite do dia 30 de março, em um sítio a cerca de 60 km na área urbana, sentido Juína (MT).
Lá, os irmãos usaram um machado para atacar a vítima. A força dos golpes, eles decapitaram e desmembrou a vítima. O delegado disse que os irmãos alegaram que a vítima, com quem estavam bebendo, os teria ameaçado e por isso decidiram atacar primeiro.
De acordo com o delegado, as investigações apontaram que a vítima não teve qualquer chance de defesa. “Eles se posicionaram estrategicamente, de forma que, enquanto um conversava com a vítima, mantendo-a distraída, o outro, usando o machado, atacou o homem por trás”, disse o delegado, revelando que o primeiro golpe foi dado na altura do pescoço, quase decapitando a vítima; e se seguiram muitos outros golpes. Ainda de acordo com o delegado, há indícios de que os irmãos se revezaram nas machadadas.
Após o assassinato de Lindomar, os irmãos pegaram a moto da vítima e fugiram do local, abandonando o veículo na estrada, já próximo à BR 174, numa área de plantio de soja. Lá também a polícia encontrou as roupas que Jean usou no crime.
No dia seguinte ao assassinato de Lindomar, um dos irmãos, Jean, de 18 anos, se entregou à polícia e confessou o assassinato de “Cowboy”, como Lindomar era conhecido. Depois, o Geovane também se entregou, e confessou o assassinato de Cowboy. Segundo o delegado, ele apresentou um short com manchas de sangue.
Conforme o delegado, ao retornar para a cidade após matarem Lindomar Cowboy, os irmãos se separaram. Jean foi para a casa de um tio e acabou contando ao familiar o que havia ocorrido. O tio então teria dito a ele para que assumisse o erro e disse que não o queria em sua casa. Jean saiu de lá e foi direto para a delegacia, onde confessou o crime. O mesmo ocorreu, segundo o delegado, com Geovane, que se apresentou no dia seguinte ao irmão.
No dia, 02 de abril, quando os irmãos já estavam presos, Claudir faleceu vítima das facadas que havia sofrido 12 dias antes. Até então a polícia nada sabia do envolvimento dos irmãos com a morte de Claudir, a não ser a fala da vítima que disse terem sido os “Polacos”.
Mas, as investigações apuraram que os irmãos Rosa estavam naquela data na casa do avô, que fica próximo chácara de Claudir, e que eles foram vistos na noite do crime andando por uma estrada nas proximidades.
Com o proprietário do sítio que contratou os irmãos para trabalhar, e no qual eles mataram Lindomar, a polícia descobriu que ele havia buscado os dois na manhã do dia 22, um dia após Claudir ser esfaqueado, na avenida Melvin Jones, e que eles chegaram ao local de carona.
A polícia então obteve imagens das câmeras de monitoramento que mostram os irmãos chegando em veículo e rapidamente embarcando no carro do patrão, que os levou para o sítio onde aconteceu o segundo homicídio. O veículo no qual eles chegaram foi identificado e o dono encontrado. O homem revelou que deu carona aos dois, do setor de chácaras, onde o crime aconteceu, até a cidade.
Com essas informações, os investigadores interrogaram os irmãos, que contaram a versão citada no início desse texto. Um deles disse ainda que a faca usada no crime, e as roupas sujas de sangue, estavam em determinado local na casa do avô. Os policiais foram imediatamente até a chácara do avô, que revelou aos policiais que encontrou os objetos exatamente onde o neto afirmou aos policiais que eles estariam. O homem, no entanto, disse que teria jogado os objetos em uma área de mata. Buscas foram feitas, mas, nada foi encontrado.
Pelo assassinato de Claudir, os irmãos Rosa foram indiciados por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Já pelo assassinato de Lindomar, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Folha do Sul Online