Novo levantamento do Trata Brasil mostra Porto Velho em situação difícil, mas dados mostram avanços em cidades do interior de Rondônia.
O Instituto Trata Brasil apresentou nesta terça-feira (15) os dados do Ranking Nacional do Saneamento. Mais uma vez, a capital de Rondônia, Porto Velho, apresentou números preocupantes, tanto no atendimento com água tratada quanto na coleta e tratamento do esgotamento sanitário.
O levantamento mostra que o desafio é bem maior do que se pensa. Segundo o Trata Brasil, o valor de investimento para alcançar a universalização do saneamento básico deveria ser de R$ 223,82. Porto Velho atualmente está muito longe desse valor: o investimento por pessoa chegou ao maior patamar da série recente, atingindo R$ 81,53. No entanto, os investimentos teriam que triplicar para atingir o valor ideal.
No período entre os anos de 2019 e 2023, os investimentos em saneamento básico nas cidades de Rondônia apresentaram uma disparidade alarmante. Um levantamento feito com base nos dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), o mesmo banco de dados usado pelo Ranking do Trata Brasil, mostra que as cidades de Buritis e Ariquemes despontam entre os municípios que mais investiram em saneamento básico por habitante. Ji-Paraná, na Região Central, ocupa a última posição do ranking estadual, com um valor mais de 60 vezes inferior.
Buritis, que atualmente tem o sistema operado pela Águas de Buritis, lidera com um investimento de R$ 1.202,87 por habitante, seguida por Ariquemes, com R$ 1.174,00. Os municípios já contam com o sistema de abastecimento de água universalizado, ou seja, toda a população já tem acesso à água tratada. Ariquemes, que é tem os sistema de saneamento operado pela Águas de Ariquemes, avança ainda com a implantação de redes de coleta e tratamento de esgoto; até o fim de 2025, a cidade pretende alcançar a cobertura de 40% da população atendida pelo sistema.
Ainda conforme os dados do SINISA, considerando o investimento por pessoa, na sequência, aparecem Pimenta Bueno (R$ 701,97) e Rolim de Moura (R$ 608,14), que também apresentaram números expressivos. Pimenta Bueno, atendida pela Águas de Pimenta Bueno, já conta com um sistema de água tratada de forma universal. Rolim de Moura, além de já ter alcançado o mesmo marco, avança também com a expansão do sistema de coleta e tratamento de esgoto; até o fim do ano, a cobertura chegará a 30%. O município da Zona da Mata tem o sistema operado pela Águas de Rolim de Moura.
O levantamento do Trata Brasil, feito em parceria com a GO Associados, mostra o tamanho do abismo a ser superado no que diz respeito ao investimento. Para Gesner Oliveira, Sócio Executivo da GO, esse é um dos principais desafios a ser superado.
“O investimento médio por habitante nos 20 municípios piores colocados é de apenas R$ 78,40, quase 3 vezes menos do que o necessário para a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033. É, portanto, fundamental que os investimentos que permitem a evolução dos principais indicadores de acesso à água e coleta e tratamento de esgoto sejam ainda mais intensos nestas regiões”, afirmou.
Nesses dados, a capital do estado, atualmente atendida pela empresa estatal Caerd, também não figura muito bem. No acesso à água tratada, Porto Velho apresentou o pior desempenho, com apenas 35,02% de atendimento. Na rede de coleta de esgoto, Porto Velho alcançou 9,27% da população com o serviço, e o tratamento desse esgoto chegou a 12,18%. A cidade só se saiu melhor que Santarém (PA), que neste ano ficou na última posição do Ranking do Trata Brasil.
O desafio é bem representado na fala da Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto: “Esta edição do Ranking ressalta que, além da necessidade de os municípios garantirem o acesso universal à água potável e à coleta de esgoto, o tratamento do esgoto se destaca como o indicador mais distante da universalização nas cidades, representando o principal desafio a ser superado”.
A Caerd anda não se manifestou sobre os dados apresentado pelo Trata Brasil.

Pimenta Virtual – Da Redação