Número de mulheres no mercado de trabalho recua para o patamar de 2016

Número de mulheres no mercado de trabalho recua para o patamar de 2016

Lorena Amaro Participação feminina no mercado de trabalho recua e volta ao nível de 2016

A crise causada pela pandemia de  Covid-19 levou à saída de milhares de mulheres do mercado de trabalho, fazendo a participação feminina retroceder ao patamar de 2016. Dos 825,3 mil postos de trabalhos perdidos entre 2019 e 2020, cerca de 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres. É o que aponta a pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020, do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (23).

A pesquisa mostra que a pandemia afetou fortemente o mercado de trabalho, embora de forma desigual entre os gêneros. Enquanto o número de homens assalariados caiu 0,9%, o de mulheres caiu 2,9% em 2020.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG 

Andando para trás

Foi a primeira vez, desde 2009, que houve uma queda relativa maior entre os postos ocupados por mulheres frente aos postos ocupados pelos homens entre a parcela de assalariados das empresas formais do país.

Em 2019, 44,8% dos assalariados eram mulheres. Em 2020, esse percentual passou para 44,3%, uma queda de 0,5 ponto percentual em apenas um ano. O movimento levou a participação feminina a recuar pela primeira vez desde 2010 e retroceder a níveis de 2016, momento em que o mercado de trabalho já passava por uma crise.

Thiego Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE, explica que a perda de participação feminina no mercado de trabalho se deve a um conjunto de fatores. Houve um crescimento de população assalariada em 2020 em setores que empregam mais homens – como é o caso da construção, em que quase 91% da mão de obra é masculina – o que leva a uma diminuição da participação feminina no mercado como um todo.

Ao mesmo tempo, diz ele, houve uma redução da presença das mulheres nos setores que mais as empregam, como é o caso da indústria têxtil, educação, atividades de alojamento e alimentação, além de outras atividades de serviços, que foram duramente impactadas pela pandemia.

“Isso tem uma relação direta com a própria dinâmica da pandemia. Alguns setores que não eram considerados essenciais [durante a necessidade de fechamento das atividades] tinham maior participação feminina, além do fato de a mulher historicamente ter que ficar mais presente em casa. Tudo isso contribui para uma diminuição da participação da mulher no mercado de trabalho”, explica Thiego Ferreira, gerente da pesquisa.

Presença menor nas empresas exportadoras

As mulheres também estão menos presentes, se comparado aos homens, nas empresas exportadoras – segmento que registrou desempenho positivo ao longo da pandemia por conta do ciclo favorável às commodities.

Enquanto o percentual de mulheres assalariadas nas organizações representava 44,3% do total em 2020, esse contingente era de 30,1% nas empresas exportadoras. Nesse segmento, homens representavam 69,9%.

Fonte: ECONOMIA.IG.COM.BR