Em agosto de 1977, um dos maiores radiotelescópio s da época, o da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, captou um sinal incomum que durou pouco mais de um minuto. Batizado de “WOW” pelo astrônomo que o registrou, o evento segue sem explicação quase cinco décadas depois.
O iG foi pro espaço desta semana falou sobre o assunto.
O professor e astrônomo Renato Las Casas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou ao iG que o sinal foi detectado na direção da constelação de Sagitário e tinha intensidade incomum.
“Já varremos essa região várias vezes, tentando identificar a fonte, mas não encontramos nada”, afirma.
Ohio History ConnectionSinal WOW
A característica das ondas de rádio, que atravessam o espaço praticamente sem perder intensidade, abre a possibilidade de que a emissão tenha vindo de muito longe, talvez até de fora da Via Láctea.
Além do mistério, o contexto histórico ajudou a ampliar a repercussão.
FreePik
Espaço
“Nos anos 1970, falava-se muito sobre vida extraterrestre, inclusive na academia. Como não poderia deixar de ser, surgiu a hipótese de que o sinal poderia ter sido emitido por uma civilização inteligente”, comenta Las Casas. Embora ressalte que a probabilidade seja incerta, ele afirma que não se pode descartar essa possibilidade.
O sinal não se repetiu, o que dificulta sua interpretação.
Segundo o astrônomo, ele pode ter sido um fenômeno periódico de ciclo extremamente longo, como certos cometas, ou algo não periódico, que jamais voltará a ocorrer.
“O fato de não termos detectado novamente não significa muito. Simplesmente ainda não houve repetição”, diz.
Para Las Casas, o episódio revela o quanto ainda sabemos pouco sobre o universo e nossas próprias ferramentas de observação. Ele lembra que há menos de um século nem se imaginava a existência de matéria escura, que hoje é tema de estudos intensos.
“Nosso limite tecnológico está muito aquém do que pensamos. O amanhã sempre vai além do que conseguimos prever hoje.”
PanSTARRS/DR1Estrela mais provável de ter emitido o sinal foi a 2MASS 19281982-2640123, localizada a 1,8 mil anos-luz da Terra
Mesmo sem resposta, o “WOW” segue como exemplo de como a curiosidade move a ciência.
“A curiosidade é o combustível. Ela nos leva a investigar o que não entendemos. Esse sinal, mesmo que nunca saibamos a origem, desperta o interesse pelo conhecimento”, conclui o professor.
Atualmente, a radioastronomia continua sendo considerada uma das melhores formas de procurar sinais de vida inteligente, mas não a única.
Las Casas cita buscas no infravermelho e a análise de atmosferas de exoplanetas como estratégias promissoras para detectar não só civilizações tecnológicas, mas também formas de vida mais simples.
Enquanto novas tecnologias avançam, o sinal captado há 48 anos permanece como um dos maiores enigmas da astronomia moderna, um eco distante que continua desafiando nossa compreensão do cosmos.
Fonte: ULTIMOSEGUNDO.IG.COM.BR