Reprodução/Flickr – 14.08.2022Capitólio EUA
O governo dos Estados Unidos entrou em “shutdown” – ou seja, em paralisação nesta quarta-feira (1º), após republicanos e democratas não chegarem a um acordo para aprovar o orçamento do ano fiscal de 2026.
Ontem, o Senado tentou votar uma última proposta, mas o texto obteve apenas 55 dos 60 votos necessários para aprovação. O impasse travou o financiamento da máquina pública, levando departamentos federais a suspenderem seus serviços e ao afastamento temporário de funcionários.
Essa é a 15ª paralisação dos Estados Unidos desde 1981. Durante o shutdown, funcionam apenas os serviços considerados essenciais, como a segurança pública e as forças armadas. Outras áreas – como a saúde, sofrem cortes ou interrupções.
O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) alertou que, por dia, 750 mil funcionários poderão ser dispensados temporariamente. A estimativa é que o custo diário de compensação se aproxime a US$ 400 milhões (R$ 2,1 bilhões).
Além disso, a Casa Branca emitiu um alerta para que as agências federais preparassem planos de demissão em massa para o shutdown.
Crise política
Neste ano, o centro da crise está na saúde: os democratas afirmam que só vão aprovar o orçamento se ele garantir a manutenção de programas como o Obamacare e o Medicaid, que estão prestes a perder financiamento.
Já os republicanos, alinhados ao presidente Donald Trump, querem que a saúde seja votada de forma separada do orçamento. Para eles, os adversários querem usar o pacote de gastos como moeda de troca em ano eleitoral.
Trump também ampliou o tom da crise: após a reunião com democratas e republicanos em sua casa para buscar uma saída não terminar como o esperado, ele disse que poderia “fazer coisas ruins e irreversíveis”, como demitir servidores e encerrar programas vinculados aos democratas. “Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, afirmou o presidente em entrevista.
A Casa Branca chamou a paralisação de “shutdown democrata”, enquanto os opositores acusam Trump de forçar o colapso administrativo para obter vantagens nas eleições legislativas de 2026.
Entenda os impactos
No cenário econômico, além das demissões em massa, a divulgação de dados também pode ser afetada. O relatório de empregos previsto para sexta-feira (3) por exemplo, não será divulgado – o que pode afetar as decisões do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) sobre juros e política monetária. A Receita também pode ter operações reduzidas.
Companhias aéreas alertam para atrasos em voos, já que 11 mil funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA) serão afastados, enquanto 13 mil controladores de tráfego aéreo terão de trabalhar sem salário. Parques nacionais, museus e zoológicos federais, como a Estátua da Liberdade e o National Mall, em Washington, também devem fechar temporariamente.
Programas de aposentadoria e invalidez devem funcionar normalmente, assim como o Serviço Postal, que não depende diretamente do orçamento do Congresso. Já os de assistência alimentar seguem ativos até esgotarem recursos.
No quesito da segurança pública, cerca de 2 milhões de militares continuam em seus postos, mas mais da metade dos 742 mil funcionários civis do Pentágono será afastada. O FBI, a Guarda Nacional e as patrulhas de fronteira ainda trabalham, mas sem remuneração.
Na política externa, visitas de chefes de Estado e autoridades estrangeiras devem ser canceladas. O Departamento de Estado informou que contará com menos da metade de seus contratados diretos, mas vai seguir com a emissão de passaportes e vistos.
Fonte: ULTIMOSEGUNDO.IG.COM.BR