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Médica espancada pelo ex não tem auxílio para custear tratamentos

Médica espancada pelo ex não tem auxílio para custear tratamentos

Reprodução/Arquivo Pessoal/Imagem cedida ao iG DelasMédica espancada por ex-namorado relata sequelas e busca justiça

Após sobreviver a uma tentativa de feminicídio, a médica Samira Mendes Khouri, de 27 anos, ainda enfrenta uma longa jornada de recuperação física e emocional. Espancada pelo ex-namorado em 14 de julho deste ano, ela passou 12 dias internada na UTI e agora segue em tratamento intensivo em Presidente Prudente (SP), sua cidade natal. Samira relatou ao iG Delas que tem sido acompanhada por quase dez especialistas.

*O texto aborda temas sensíveis, como violência doméstica e violência contra a mulher, podendo desencadear reações diversas em algumas pessoas

“Eu tenho realizado sim acompanhamento com esses especialistas, fisioterapia ocular, facial e corporal. É porque eu fiquei com o lado esquerdo paralisado da face e o meu lado direito do corpo também está paralisado […] a perna. O oftalmologista me ajuda por causa do olho, então a gente tá tentando voltar a visão”contou.

Ela também recebe apoio  psicológico e psiquiátrico, além do acompanhamento de um neurologista.

“O neurologista está acompanhando o sangramento que teve no meu cerebelo [parte do cérebro responsável pela coordenação motora, equilíbrio, tônus muscular, postura e aprendizagem motora]”, acrescentou.

Sequelas graves e cirurgias

As agressões deixaram marcas profundas. Samira teve múltiplas fraturas na face e precisou de placas de titânio fixadas na arcada dentária.

“Eu tive todos os ossos, principalmente do lado esquerdo fraturados. E aí eles precisaram colocar as placas de titânio para conter essas fraturas. E foi colocado na arcada dentária porque eu não tinha ‘osso suficiente’ para fixarem as placas”explicou ao iG.

Entre as sequelas mais delicadas está a visão. A médica sofre de diplopia (visão dupla) e catarata no olho esquerdo, além de perda de cerca de 50% da capacidade visual, decorrentes da agressão.

“A gente tá tentando fortalecer o olho, né? Então tem que ficar olhando para cima, para baixo, para o lado, para tentar fazer com que um globo [ocular] se iguale ao outro. Porque como o globo saiu de órbita e foi recolocado, não tá igual ao outro”, disse.

Os custos do tratamento são altos, embora Samira não tenha especificado, mas contou que não recebe ajuda externa.

“Eu não tô recebendo nenhum tipo de ajuda [de custos]. Os custos estão sendo divididos entre a minha mãe e meu pai mesmo, eles estão trabalhando muito até de madrugada para conseguir arcar”, desabafou.

Vítimas de tentativa de feminicídio têm à disposição mecanismos legais que vão além da Lei Maria da Penha, permitindo acesso a benefícios imediatos mesmo antes da condenação do agressor. Entre eles, estão o auxílio-aluguel temporário, a pensão em caso de incapacidade permanente para o trabalho e a possibilidade de indenização pelo agressor pelos danos sofridos.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também pode cobrar judicialmente os agressores para ressarcir gastos com benefícios previdenciários concedidos às vítimas, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, conforme já previsto em ações regressivas desde 2012.

Vida em reconstrução

Atualmente, Samira voltou a morar com a mãe, que a acompanha em todas as consultas. A dependência, somada às lembranças da violência, tem sido um desafio.

“Todo dia eu passo maquiagem, porque eu não suporto ver o nome de alguém que tentou me matar no meu braço, não dá. Aí eu queria tirar, mas eu só vou conseguir quando eu voltar para São Paulo”, contou, referindo-se às tatuagens que fez em homenagem ao ex-namorado.

Ela reconhece que ainda enfrenta uma nova dor cada vez que se depara com as marcas.

“Tem bastante gente oferecendo para tirar [a tatuagem] de graça e tal, mas eu não sei quanto tempo mais eu vou ficar em Presidente Prudente, porque meus tratamentos estão todos aqui. Então, eu acredito que vá cobrir logo menos, porque é como se fosse uma nova dor, sabe? Quando eu olhoé uma nova dor”.

Luta por justiça

Além do processo de recuperação, Samira busca forças para lutar judicialmente contra o agressor.

“É uma gravidade imensa [o que aconteceu], porque se eu tivesse ficado lá [caída no chão], se os vizinhos não tivessem ouvido e chamado a portaria, eu ia ter morrido. Eu tava sangrando muito. Eu cheguei no hospital com cerca de 90.000 de plaquetas. Minhas plaquetas sempre foram quase 400 [mil]. Eu ia ter sangrado até morrer ”relembrou.

O caso

Reprodução/Arquivo Pessoal/Imagem cedida ao iG Delas

Antes das agressões, a médica Samira Mendes Khouri, de 27 anos, em registro pessoal

O crime aconteceu na madrugada de 14 de julho, em um apartamento alugado em Moema, zona sul de São Paulo. Samira foi espancada por cerca de seis minutos, chegou a fingir estar desacordada para não ser morta  e foi socorrida graças à ação de vizinhos que ouviram os gritos.

O suspeito, de 24 anos, fugiu após as agressões, mas acabou preso em Santos. A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva, e ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por tentativa de feminicídio, com emprego de meio cruel e por motivo fútil.

Enquanto o processo segue na Justiça, Samira concentra suas energias na recuperação.

“Hoje eu tô calma, porque conversei muito com a minha mãe sobre isso, muito, muito. Tinha um dia que eu não conseguia nem dormir, que eu ficava lembrando da dor e lembrando do que aconteceu. Mas graças a Deus, eu tô conseguindo seguir”afirmou.

Fonte: DELAS.IG.COM.BR

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