MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASILMenopausa: as respostas para as dúvidas mais frequentes
A menopausa ainda é, para muitas mulheres, um território cercado de dúvidas, tabus e desinformação. Mas, para a médica e pesquisadora Fabiane Berta, referência nacional no tema, esse período marca o início de uma nova etapa — mais consciente, lúcida e autônoma.
“Costumo dizer que a menopausa não é o encerramento da feminilidade. É o início de uma versão mais dona de si, que busca informação, cuidado e qualidade de vida”, afirma.
Em entrevista ao iG Delas, Fabiane destacou que o assunto é uma questão de saúde pública. Ela é mestranda no setor de Climatério e Menopausa e pesquisadora adjunta em Endometriose e Dor Pélvica pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).
“Quando falamos de menopausa, estamos falando de milhões de mulheres no Brasil. Existem mais de 70 sintomas possíveis durante o climatério e a menopausa. Ignorar isso é ignorar a saúde pública feminina”, alerta.
Para ela, a informação, a escuta e o tratamento individualizado são pilares fundamentais do cuidado com a mulher.
A especialista explica que a menopausa é o momento em que os ovários deixam de funcionar e o corpo passa 12 meses sem menstruar. Mas o processo é muito mais complexo do que um simples evento ginecológico.
“A menopausa é sobre cuidar de mães, esposas, líderes, médicas, jornalistas, donas de casa. É cuidar de metade do país”, reforça.
Entre os sintomas mais conhecidos estão as ondas de calor e os suores noturnos, mas Fabiane alerta que os impactos vão muito além. A fase também pode afetar emoções, cognição, libido, sono e desempenho profissional.
“Os sintomas mais intensos incluem insônia, lapsos de memória, alterações de humor, secura vaginal, queda da libido e risco aumentado de osteoporose e doenças cardiovasculares”, enumera.
Outros sinais comuns são irregularidade menstrual, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, ganho de peso e perda de massa óssea. Segundo a médica, a forma como cada mulher sente a menopausa é única.
“A escuta é essencial. Cada corpo reage de um jeito, e isso precisa ser respeitado”, diz.
O período de transição, conhecido como climatério, pode durar anos, e varia de mulher para mulher.
“Hoje vivemos mais e queremos viver melhor. Por isso, a menopausa deve ser encarada como o início de uma nova fase — e não o fim de nada.”
A idade média em que a mulher entra na menopausa é entre 49 e 52 anos, mas Fabiane destaca que há casos de menopausa precoce, que acontece antes dos 40 e exige atenção médica.
“Mesmo antes da última menstruação, o corpo já começa a se transformar. O cérebro, o osso e o humor mudam antes dos ovários pararem completamente”, explica.
Ela também esclarece um dos mitos mais comuns: menstruar cedo não significa entrar na menopausa mais cedo.
“A idade da primeira menstruação não determina o início da menopausa. Fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida têm mais influência. Cada caso deve ser analisado individualmente”, pontua.
Fabiane destaca ainda a perimenopausa, fase que antecede a última menstruação e pode durar de alguns meses a até uma década. Durante esse período, os níveis de estrogênio e progesterona oscilam intensamente, causando sintomas semelhantes aos da menopausa.
“Muitas mulheres acham que estão apenas estressadas, mas o corpo está avisando que algo está mudando”, explica.
Alterações no ciclo, como menstruar duas vezes no mês, também merecem atenção.
“Pode ser um sinal de que o corpo está entrando no climatério, mas também pode estar relacionado a miomas, pólipos ou desequilíbrios hormonais. É fundamental investigar antes de tirar conclusões”, orienta.
Sobre a possibilidade de engravidar, Fabiane explica que, tecnicamente, a menopausa marca o fim da função reprodutiva natural.
“Após a última menstruação, com os hormônios ovarianos muito baixos, a gravidez espontânea é extremamente improvável. Mas, como algumas mulheres confundem pequenos sangramentos com ciclos férteis, sempre recomendo fazer exames antes de afirmar qualquer coisa.”
Para saber se está na menopausa, o corpo é o primeiro a dar sinais: ausência de menstruação por 12 meses, ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal, irritabilidade e lapsos de memória são os mais característicos. Os exames hormonais ajudam, mas, segundo a médica, nada substitui uma boa consulta.
“Escuta, acolhimento e tratamento personalizado são fundamentais. Muitas de nós não fomos preparadas para essa fase, e isso precisa mudar”, defende.
Fonte: DELAS.IG.COM.BR

