Técnica com pele de tilápia trata cegueira em cães; entenda

Técnica com pele de tilápia trata cegueira em cães; entenda

Aljoscha Adam/FlickrCachorro cego

Uma pesquisa desenvolvida no Ceará  já tratou mais de 700 cães com lesões na córnea usando pele de tilápia. A técnica foi aplicada pela primeira vez em 2019 e apresenta resultados promissores, com rápida cicatrização, menos dor e baixo risco de infecção. A novidade surgiu como alternativa a enxertos caros e difíceis de obter.

Ao  Canal do Pet, a Drª Mirza Melo, veterinária responsável pela pesquisa na  Universidade Federal do Ceará, explicou que a pele de tilápia já era usada em humanos para tratar queimaduras. Com base nesses resultados, o material passou a ser testado em animais, especialmente cães braquicefálicos, que têm maior risco de úlceras oculares.

A pele da tilápia passa por um processo que a transforma em uma matriz de colágeno tipo 1, o mais puro, que, então, é aplicada cirurgicamente sobre a lesão na córnea e suturada com o animal anestesiado.

“ O que esperávamos era que ela funcionasse como um escafolde, um arcabouço de colágeno, para que as células se proliferassem sobre ela e permitissem o reparo corneal. Foi exatamente isso que aconteceu ”, contou a pesquisadora.

ReproduçãoTécnica com pele de tilápia trata olhos de cães e pode chegar a humanos

O procedimento dispensa internação. Segundo Mirza, os animais demonstram alívio quase imediato. “ O pós-operatório foi muito tranquilo, sem complicações. ”

O material vem do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), e o processo de preparo elimina todas as células, mantendo apenas o colágeno.

Desde a primeira aplicação, em uma cadela da raça shih-tzu, os resultados têm sido positivos. A cicatrização é rápida e a opacidade final da cicatriz é menor do que nas técnicas tradicionais.

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Mais de 700 animais já foram tratados com a técnica

No total, mais de 700 animais passaram pelo procedimento, somando dados do mestrado e doutorado da pesquisadora. A maioria dos casos envolveu cães, mas a técnica já foi testada com sucesso em outras espécies.

“ Já operamos uma corujinha-buraqueira, um papagaio, uma águia, um gavião, um macaco-prego e até um porquinho-da-índia ”, afirmou. Em todos os casos, a cicatrização foi bem-sucedida, sem infecções ou complicações.

O resultado no macaco-prego chamou atenção. Por ser um primata, a boa resposta ao tratamento sugere potencial de uso em humanos no futuro.

Apesar do sucesso, o acompanhamento pós-operatório em animais silvestres é mais difícil. Muitos são resgatados e ficam sob cuidados institucionais, o que limita a coleta de dados detalhados.

Mesmo assim, os testes continuam. Parcerias com instituições como o Instituto Pró Silvestre (IPS) e o CETAS têm viabilizado o atendimento a animais feridos pelo tráfico, atropelamentos ou maus-tratos.

ReproduçãoTécnica com pele de tilápia trata olhos de cães e pode chegar a humanos


Técnica pode chegar a humanos com foco oftalmológico

Embora a pele de tilápia já seja usada em diversas áreas da medicina humana, como queimaduras, ginecologia e neurologia, sua aplicação oftalmológica ainda está em fase inicial. A primeira tentativa nesse campo foi feita em cães.

Segundo a Mirza, “ a tilápia já participa de quase 40 áreas da medicina humana ”. A novidade está justamente no uso para olhos. “ Nunca houve registro, artigo ou caso anterior .”

Para ser aplicada em humanos, a técnica precisa de aprovação do comitê de ética. Médicos de várias especialidades já demonstraram interesse e parcerias estão em andamento para iniciar os testes clínicos.

“ O que não existia era aplicação oftalmológica. Fizemos o primeiro uso em 2019, e tivemos um bom resultado. Houve, então, um boom na mídia .”

A expectativa é que, com aprovação e mais testes, a matriz dérmica também seja liberada para uso clínico em humanos, ampliando ainda mais seu alcance.

ReproduçãoTécnica com pele de tilápia trata olhos de cães e pode chegar a humanos


Produto está patenteado e deve chegar ao mercado

A matriz dérmica de tilápia já foi patenteada, e os estudos do mestrado e doutorado estão concluídos. A equipe agora trabalha na transferência de tecnologia e na capacitação de profissionais para aplicar a técnica.

“ Estamos fazendo a transferência de tecnologia para médicos humanos e temos o objetivo de disponibilizá-lo também para outros veterinários ”, disse.

No momento, o produto ainda não está à venda. Ele é utilizado apenas em ambiente de pesquisa, sob supervisão da veterinária responsável. Há planos de oferecer cursos e treinamentos a profissionais de outras regiões.

A distribuição em larga escala será essencial para tornar a técnica acessível em áreas mais remotas e com menos recursos.

“ Nosso objetivo é liberar a matriz dérmica em larga escala e promover cursos de capacitação para preparar o ambiente veterinário para receber esse produto. ”

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Projeto tem projeção internacional e busca parcerias

A pesquisa conta com 380 cientistas em nove países. A matriz já é usada em estudos internacionais, embora o uso oftalmológico ainda esteja restrito ao Ceará.

“ A aplicação oftalmológica despertou muito interesse entre colegas de outros países, e estamos iniciando conversas para permitir que eles também comecem a fazer estudos com a técnica “, explica Mirza.

Entre os países interessados estão Portugal, Chile, Estados Unidos e França. No Brasil, já há colaboração com especialistas do Rio de Janeiro e São Paulo.

A intenção é formar um estudo multicêntrico para testar a eficácia da matriz dérmica em diferentes climas e condições ambientais, como frio intenso ou altitudes elevadas.

O produto já mostrou vantagens importantes: “ ela tem ação antálgica, reduz a dor do paciente muito rapidamente ”, explica. Também é fácil de manusear, esterilizar e armazenar.

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Em testes com olhos contaminados por bactérias como Pseudomonas e Klebsiella, a matriz não favoreceu a proliferação microbiana, o que aumentou ainda mais o interesse da comunidade científica.

Técnica poderá ser expandida para outras áreas da veterinária

A equipe já iniciou os primeiros testes com uso da pele de tilápia para tratar feridas em pele, ampliando as possibilidades de atuação da técnica além da oftalmologia.

“ A expectativa é que, assim como aconteceu na oftalmologia, essa aplicação também se consolide ”, disse a pesquisadora. Há interesse em aplicar o método em áreas como ortopedia e neurologia veterinária.

Na medicina humana, o material já é usado em várias especialidades. A intenção é replicar esse sucesso na veterinária e levar mais qualidade de vida aos animais.

Apesar do foco atual nos olhos, a matriz pode representar uma revolução em outros tratamentos, especialmente por ser acessível, eficaz e com baixos riscos de rejeição.

“ A gente espera que essa técnica invada outras áreas da medicina veterinária e traga benefícios semelhantes .”

Fonte: CANALDOPET.IG.COM.BR

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