Pedro H. Lopes Data chama atenção para o abandono, adoção responsável, castração como medida de saúde pública e combate ao preconceito
Eles não têm pedigreemas têm algo que conquista qualquer coração : afeto, inteligência e gratidão . Os vira-latasou SRDs (sem raça definida), estão em todos os cantos — das ruas aos lares brasileiros. E, em 31 de julho, ganham um dia para serem lembrados, respeitados e celebrados .
No Dia do Vira-Lata, o alerta vai além da comemoração. A data chama atenção para o abandono, a importância da adoção responsável, a castração como medida de saúde pública e o combate ao preconceito com animais que não seguem padrões estéticos.
Em entrevista ao Canal do Peto médico-veterinário Francis Flosi, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas, defende que o verdadeiro valor de um cão está no cuidado que ele recebe — não na raça.
Adotar um animal é um gesto nobre. Mas o que torna a adoção de um vira-lata tão especial?
“O vira-lata representa milhões de histórias que poderiam ter terminado na dor, mas encontram afeto, cuidado e dignidade graças à empatia de quem escolhe adotar. Eles são inteligentes, carinhosos e cheios de gratidão. Precisam de cuidado — não de rótulo.”
Existe ainda preconceito contra cães sem raça definida? De onde isso vem?
“Infelizmente, sim. Muitos ainda associam o valor de um animal à sua raça ou pedigree, como se fossem objetos de luxo. Isso precisa mudar. Todo cão é digno de amor e respeito.”
O Brasil tem milhões de animais abandonados. Como esse cenário afeta a saúde pública?
“É uma questão séria. Animais abandonados estão mais expostos a doenças, fome, acidentes e maus-tratos. Isso aumenta o risco de zoonoses — doenças transmitidas aos humanos — como esporotricose, raiva e leishmaniose.”
A castração é apontada como uma solução eficaz. O que ela representa na prática?
“Castração salva vidas em vários sentidos. Reduz o número de crias indesejadas e melhora a saúde do animal. Previne infecções graves, certos tipos de câncer e até comportamentos de risco, como fugas e brigas.”
FOTO: Arquivo Pessoal Médico-veterinário Francis Flosi, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas
Como identificar um abrigo sério na hora de adotar?
“Busque locais transparentes, com bom manejo, acompanhamento veterinário e que priorizem o bem-estar animal. Um abrigo sério também entrevista os adotantes, o que é fundamental para garantir adoções responsáveis.”
Muitos acham que o vira-lata é mais resistente. Isso é verdade?
“Eles tendem a ser mais resistentes porque, ao longo das gerações, foram expostos a desafios ambientais que favoreceram os mais fortes. Mas isso não exclui a necessidade de cuidados — vacina, alimentação, abrigo e carinho são essenciais.”
Quais cuidados básicos o tutor deve garantir ao adotar um SRD?
“Alimentação adequada, vacinação em dia, consultas veterinárias regulares, tempo para atenção e brincadeiras, além de um ambiente seguro. Adotar é assumir um compromisso para toda a vida do pet.”
E quem não pode adotar — de que forma pode ajudar?
“Há várias formas: divulgar campanhas, doar ração ou medicamentos, apoiar ONGs financeiramente ou com trabalho voluntário e, principalmente, conscientizar outras pessoas sobre a causa animal.”
A Faculdade Qualittas tem contato direto com a causa animal. Qual é o papel das universidades nessa conscientização?
“Temos o compromisso de formar profissionais com olhar técnico e humano. Promovemos campanhas de castração, ações sociais, e incentivamos a adoção. A educação é um agente transformador nesse processo.”
Por fim, que mensagem o senhor deixaria neste Dia do Vira-Lata?
“Mais do que uma data simbólica, 31 de julho é um convite à empatia. O vira-lata não é menos — ele é símbolo de tudo que o vínculo entre humanos e animais pode representar. Na Qualittas, defendemos que o valor de um animal está na relação que ele constrói com seu tutor. Toda vida importa — com ou sem raça definida.”
Fonte: CANALDOPET.IG.COM.BR