Hugo Lassauce-UniSC-Aquarium des LagonsTubarões-leopardo são flagrados em acasalamento inédito no Pacífico
Pesquisadores registraram pela primeira vez na natureza um acasalamento entre três tubarões-leopardo, dois machos e uma fêmea, nas águas da Nova Caledônia, território francês no Pacífico. O flagrante foi feito em setembro e mostra um comportamento reprodutivo considerado raro para a espécie ameaçada.
A gravação foi realizada pelo biólogo marinho Hugo Lassauce, da University of the Sunshine Coast, em parceria com o Aquarium des Lagons, de Nouméa.
“ É raro testemunhar tubarões acasalando na natureza. Mas ver isso acontecer com uma espécie ameaçada, e conseguir filmar, foi tão empolgante que começamos a comemorar no barco ”, relatou no comunicado publicado.
O pesquisador acompanha semanalmente os animais há um ano em mergulhos a 15 km da costa. Segundo ele, já havia visto machos perseguindo fêmeas, mas nunca o processo completo.
“ Enquanto eu observava esse grupo em especial, vi uma fêmea com dois machos agarrando suas nadadeiras peitorais no fundo do mar ”, contou.
Lassauce detalhou que esperou cerca de uma hora imóvel na superfície até que a interação começou.
“ Foi rápido para os dois machos, um depois do outro. O primeiro levou 63 segundos, o outro 47 .”
Após o acasalamento, a fêmea nadou para longe, enquanto os machos permaneceram imóveis no fundo do mar.
O tubarão-leopardo (Stegostoma tigrinum), também chamado de tubarão-zebra, nasce com listras que se transformam em pintas com o tempo. A espécie ocorre em todo o Indo-Pacífico, do leste da África até as ilhas do Pacífico, incluindo a Austrália, e está na lista de ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Até agora, informações sobre sua reprodução vinham de exemplares mantidos em cativeiro. Para Christine Dudgeon, coautora do estudo, o flagrante traz dados inéditos sobre um animal que costuma ser solitário.
“ Essa evidência sugere que o local na Nova Caledônia é um habitat crítico de reprodução, o que pode orientar estratégias de manejo e conservação ”, afirmou.
A cientista explicou ainda que o registro pode apoiar projetos de reprodução assistida e ampliar a diversidade genética em áreas degradadas. Os pesquisadores agora querem investigar se os ovos da fêmea podem ter mais de um pai, o que aumentaria as chances de sobrevivência da espécie.
Fonte: CANALDOPET.IG.COM.BR