//static. addtoany. com/menu/page. js”> Compartilhar no Whatsapp A casa era fabricada de tábuas serradas na motosserra.
A maestria do Elói no manejo da ferramenta deixavam as tábuas com a aparência envernizada, sem farpas e retilíneas como as retas do horizonte. As perna-mancas, vigas, cavacos, esteios e demais madeiras que compunham o arcabouço da moradia, também tinham a mesma aparência. Apesar da aparente humildade da residência, ela apresentava uma suntuosidade típica da moradia do seringalista, que ficava encravada na parte mais alta do povoado, defronte para a nascente do Rio Madeira.
A casa ficava na parte mais baixa, no lado oposto da moradia do seringalista, bem próximo da várzea do Rio Madeira, e defronte para a ferrovia. Mas de lá se avistava toda a imensidão do lugar, com suas construções centenárias envoltas de um lado pelas águas dos rios Mamoré, Beni e Madeira, e pelo outro, pelas matas fechadas que formavam um imenso seringal.
Na casa residiam seis pessoas, dois adultos e, os demais, menores de idade.
Essas crianças, três meninos e uma menina brincavam todos os dias nas águas do Igarapé Mangueira, que nascia nas regiões remotas do seringal e desaguava no Rio Madeira, após passar silenciosamente pelos arredores do povoado, cruzando a ferrovia através do bueiro que servia de local de banho para as crianças.
O Rio Madeira ficava muito próximo e no período da cheia suas águas invadiam o bueiro, deixando o local inadequado para o banho devido à profundidade e ao risco do aparecimento do temível jacaré-açu, entre outros ferozes animais.
As crianças ignoravam tais riscos e mesmo com a reprimenda dos adultos, mergulhavam destemidamente nas águas escuras do bueiro. Naquela tarde, as quatro criaturas voltaram mais uma vez ao bueiro e reiniciaram os mergulhos pulando de um galho de uma ingazeira, que se estendia até quase o meio do igarapé. Silencioso, faminto e com todos os aparatos de caça aguçados desde o período Mesozoico, o jacaré-açu espreitava a cena na parte rasa do bueiro, de onde não era avistado pelas crianças.
Com mais de trezentos quilos e seis metros de comprimento, o predador avançou sobre as crianças, após pularem juntas nas águas do igarapé. Os meninos voltaram à tona, mas a menina não voltou.
Assustados e aflitos, eles viram minutos depois, o imenso crocodiliano surgir na superfície da água com a menina presa entre os seus pontiagudos dentes e desaparecer arrastando-a em direção ao Rio Madeira.
Naquela tarde, o alvoroço tomou conta do povoado e uma romaria se formou durante dias às margens do igarapé e do Rio Madeira na esperança de se capturar o animal e encontrar o corpo da criança.
Meses depois, após a cheia, pescadores encontraram no pedral, logo abaixo da ilha que fica na nascente do Madeira, vestígios muito parecidos com as vestimentas que a menina usava no fatídico dia em que pulou do galho. Simon O. dos Santos – Texto extraído do livro “ Causos e Crônicas do Berço do Madeira”. Sugestão de Pauta Direito ao esquecimento Reportar Erro Participe de nossa enquete
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Fonte: RONDONIAOVIVO.COM