Gestante que tem outros três filhos não foi submetida à laqueadura que havia pedido
É comovente a história do casal venezuelano José Nolberto, 33 anos, e sua esposa, Vanessa Saray Salazar Bastardo, 27: no último sábado, 20, o filho recém-nascido deles caiu de cabeça no chão durante o parto na cidade de Cacoal e está internado na UTI neonatal de Ouro Preto do Oeste.
O FOLHA DO SUL ON LINE conversou por telefone com José, venezuelano da cidade de Guayana, que chegou ao Brasil em 2016 e há quatro anos mora em Cacoal, onde trabalha como marceneiro.
O entrevistado contou que a esposa deu entrada no Hospital Materno Infantil de Cacoal na manhã de sexta-feira, 19. O casal apresentou documentação registrada em cartório e assinada por uma assistente social, comprovando que Vanessa atendia aos critérios para ser submetida a uma laqueadura após o parto. “Já temos três filhos, quatro com o que nasceu, e não temos condições de criar outros”, contou o imigrante.
À noite daquele dia, a gestante, que havia chegado com pressão alta e ficado sem comer desde então, se queixou de fome e passou a receber apenas alimentação por soro ou líquida. Segundo os médicos, ela deveria estar em jejum, pois iria passar por cesariana, que exige esta condição.
No dia seguinte, reclamando das contrações a cada dez minutos e das intensas dores, a venezuelana foi levada para a Sala de Parto, momento em que o marido avisou novamente sobre a necessidade da laqueadura que havia solicitado.
Grávida de quase 37 semanas, Vanessa entrou na sala sem a companhia da mãe, cuja presença teria sido vetada pela equipe médica. Enquanto a médica atendia outra grávida, a enfermeira que ajudava no parto orientava a paciente: “faz força e empurra”.
Neste momento, o bebê, que recebeu o nome de Santiago, veio ao mundo de forma dramática: escorregou dos braços da enfermeira e caiu de cabeça no chão, cena testemunhada pela mãe, que naquele momento entrou em desespero.
José diz que só foi informado do incidente pela própria esposa, e cobrou providências. Com uma lesão na cabeça, o pequeno Santiago foi encaminhado numa ambulância para a cidade de Ouro preto, junto com o pai, enquanto a mãe continuou internada. E sem fazer a laqueadura.
Na cidade da região central de Rondônia, o marceneiro deixou o filho na UTI e, como não tinha onde ficar, foi dormir em uma praça. “Passei o dia inteiro sem comer, só chorando pela situação do meu filho”, contou à reportagem.
Vanessa recebeu alta e já pode acompanhar a recuperação do filho, mas o pai questiona: “e se o meu filho ficar com alguma sequela recorrente da queda? Ele é um bebê, a gente tem muito medo do que pode acontecer”.
Um jornalista ouro-pretense que acompanha o caso e passou ao FOLHA DO SUL ON LINE o contato do casal, pondera: “tomara que este momento tão doloroso leve algumas pessoas de bom coração a ajudar o José e a Vanessa, que pagam aluguel e enfrentam muitas dificuldades para alimentar os filhos”.
O site está à disposição da Prefeitura de Cacoal, que terá o mesmo espaço para se manifestar sobre o ocorrido em uma de suas unidades de saúde.
P.S.: a foto que ilustra esta reportagem é do pequeno Santiago, e o uso dela foi autorizado pelo pai.
Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação