Pesquisadores criam ferramenta capaz de prever novas pandemias de coronavírus

Pesquisadores criam ferramenta capaz de prever novas pandemias de coronavírus

Pesquisadores da Califórnia criam ferramenta capaz de prever novas pandemias Flavia Correia Pesquisadores da Califórnia criam ferramenta capaz de prever novas pandemias

Virologistas afirmam que é só uma questão de tempo para que outra pandemia atinja o planeta. Estima-se que aproximadamente metade dos quase 1,7 milhão de vírus presentes em mamíferos e aves possam seguir o mesmo caminho do coronavírus responsável pela disseminação da Covid-19. Ou seja, ser transmitido para seres humanos e se alastrar mortalmente pelos cinco continentes.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Davis, buscam ajudar cientistas em todo o globo a identificar o grau de risco de cada vírus, classificando sua probabilidade de contaminação entre espécies, bem como sua capacidade de evolução até ser transmissível entre humanos. Surtos como os de Mers, Sars, Ebola e HIV foram ocasionados exatamente por esse transcurso, denominado de “spillover viral” ou “troca de hospedeiro do vírus”.

SpillOverque intitula o fenômeno, foi justamente o nome escolhido para a ferramenta online criada pelos estudiosos para catalogar e diagnosticar a periculosidade dos vírus. O aplicativo avalia 32 fatores de risco, como espécie do vírus, espécie hospedeira e país de origem, por exemplo. Então, gera uma “pontuação de chance” de spillover. Ao detectar os chamados “vírus preocupantes”, o banco de dados os insere em uma lista de monitoramento disponível a cientistas e legisladores. Tal listagem também é acessível ao público em geral.

Alguns vírus podem ser transmitidos diretamente de animais a humanos, enquanto outros precisam passar por um processo de adaptação para se tornarem contagiosos. Em alguns casos, podem ser necessárias uma ou duas mutações para chegar à fase de contágio em seres humanos. Existem vírus que podem precisar de mais de 20 mutações para se tornarem transmissíveis ou para se replicarem no hospedeiro. E isso é um dos fatores analisados pelo aplicativo SpillOver .

Em um reconhecimento visionário da ameaça dos vírus de animais silvestres, a Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos planejou e executou o projeto Predict. A iniciativa reuniu, entre 2009 e 2019, um exército mundial de 6,8 mil “caçadores de vírus” em 35 países. Parte da equipe coletou sangue, saliva, urina ou fezes de morcegos, roedores e primatas. Outros grupos analisaram as sequências genéticas dessas amostras. O SpillOverpor sua vez, analisa os relatórios crescentes de novas sequências genéticas de vírus de animais coletadas nesse projeto.

Banco de dados contém 160 coronavírus

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Entre os quase 900 vírus identificados pela ferramenta, estão 160 coronavírus e uma cepa de ebola não conhecida até então. Também foram catalogados 18 vírus zoonóticos já conhecidos, como o vírus-da-febre-do-lassa e o marburg, que causam febres hemorrágicas. Os vírus zoonóticos são os que podem ser transmitidos diretamente de animais para seres humanos, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Em um estudo publicado recentemente, os pesquisadores utilizaram dados de quase 75 mil animais, bem como registros públicos de detecções de vírus, para classificar o potencial de spillover de mais de 880 vírus de animais silvestres. O Sars-CoV-2, vírus responsável pela Covid-19, ficou em segundo lugar. Em primeiro, está o vírus de Lassa, cuja infecção em humanos acontece pela exposição a excrementos de roedores típicos dos arredores da Nigéria, por meio do trato respiratório ou área gastrointestinal.

imagem01-01-2022-17-01-17 O Sars-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, pode ter sido transmitido diretamente de morcegos a humanos ou por meio de um animal intermediário, como um pangolim.
Imagem: Dennis Fesenmyer – Flickr

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita na hipótese de o Sars-CoV-2 ter sido transmitido diretamente de morcegos a humanos ou por meio de um animal intermediário, como um pangolim. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o animal é o mais traficado do mundo, graças a uma crença pseudocientífica nas propriedades curativas de suas escamas. No ano passado, o governo da China retirou as escamas do mamífero da lista oficial de ingredientes aprovados para uso na medicina tradicional chinesa.

Fonte: National Geographic Brasil

Fonte: SAUDE.IG.COM.BR