Reprodução IACérebro abaixo de mão
Estamos acostumados a ver pessoas reagindo de forma violenta quando suas opiniões, desejos e medos são colocados à prova. Uma atitude usual desde a era paleolítica, quando o homem já buscava sobrevivência, domínio territorial e defesa de recursos através da força. Para Charles Darwin, na sua Teoria da Evolução, a sobrevivência não depende apenas da força física, mas também da capacidade de adaptação a diferentes condições do ambiente.
Há vários tipos de violência, sempre com justificativas para disfarçar a falta humanidade. Tem o ato violento praticado entre indivíduos, que pode ser doméstico ou comunitário e o coletivo, que é aquele executado por grupos ou o Estado. Há estudiosos que difundem que o mundo está menos violento, pois consideram a proporção de mortes violentas em relação ao tamanho da população mundial. Porém, a sociologia mostra que, ao longo dos séculos, as regras de convivência foram se refinando e os comportamentos violentos passaram a ser menos aceitos como forma de resolver conflitos, sendo condenados e criminalizados.
Onde quero chegar com esse tema
Se por um lado a violência coletiva mudou de forma, temos hoje mais intolerância individual, violência psicológica, estrutural e virtual. O Cyberbullyng chegou para dar novos contornos à crueldade explícita, por exemplo, enquanto o lar continua sendo o principal local de risco para as mulheres. Pesquisas indicam que cerca de 71,6% das notificações de violência contra mulheres ocorrem em casa. Pesquisa Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgada recentemente mostra que 27,6 milhões de mulheres relataram violência por parceiro íntimo ou por serem mulheres (psicológica, física, sexual), número equivalente a 37,5% das brasileiras.
Está mais do que na hora de se olhar para os sentimentos de frustração e raiva mal direcionados. Levanto a questão de que todos deveriam ter a possibilidade de aprender a lidar com as próprias frustrações desde crianças, para assim gerarmos uma sociedade psicologicamente sustentável. A forte necessidade de controle e poder, a falta de empatia, o narcisismo, o ciúme descontrolado e patológico, a baixa autoestima e a manipulação geram um ciclo de violência que poderia ser contido com um olhar multidisciplinar. É hora de levarmos o estudo da mente para dentro dos ambientes familiar, educacional e corporativo de forma intencional.
Enquanto houver preconceito em relação ao estudo das emoções e a aceitação da repetição de padrões embasados em comportamentos violentos, estaremos sendo omissos. O futuro depende de programas de educação emocional desde a infância, terapias preventivas e intervenções que promovam empatia e autocontrole. Vamos ter avanços em direção a esse futuro sem violência quando acreditarmos na educação emocional, tivermos políticas públicas eficazes e fizermos uso de tecnologias preventivas, quebrando ciclos intergeracionais e promovendo uma sociedade mais empática e consciente.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR