Reprodução/Arquivo pessoalLudmila Gusman já fotografou oito bebês empelicados.
Quando alguém chama Ludmila Gusman para trabalhar, é sinal de que um bebê está prestes a chegar. A fotógrafa especializada em partos tem mais de 10 anos de experiência em acompanhar um momento tão único.
Ludmila parece ter sido ”presenteada” com uma sequência de episódios raríssimos que foram registrados pelas lentes de sua câmera: o nascimento de bebês empelicados, fenômeno em que a criança vem ao mundo envolto pela bolsa amniótica intacta.
Sonho realizado
Este é um fenômeno excepcional. Segundo informações do site Clinmedi, a média é de um parto desse tipo a cada 80.000.
Em entrevista ao Portal iG, a fotógrafa, natural de Muriaé (MG), revelou que nos primeiros anos de profissão, sonhou em fotografar um parto empelicado.
“Eu já tinha visto vídeos e acompanhado registros de fotógrafas que são referência para mim. Sempre sonhei em registrar um parto assim, mas nunca tive a oportunidade. De repente, após nove anos fotografando bebês nascendo, aconteceu.”
O primeiro parto empelicado que Ludmila registrou foi em 2023. Ela admite que ficou nervosa, mas conseguiu fazer a foto que mudaria sua carreira.
“Nicolas foi o primeiro bebê que fotografei empelicado e que me rendeu indicação ao Oscar da fotografia. Fiquei entre 13 fotógrafos do mundo para receber o prêmio Lente de Ouro. Foi sensacional.”
Reprodução/Arquivo pessoalNicolas, primeiro bebê empelicado fotografado por Ludmila Gusman.
“Eu não tive muito o que pensar… Só cliquei, ajeitei a câmera e saiu a foto. Foi muito rápido. Queria chegar em casa e ver como ficou. Quando descarreguei a câmera eu não acreditei. Tinha ficado perfeita!”
A foto impressionante do nascimento do pequeno Nicolas viralizou nas redes sociais e rendeu indicações a prêmios internacionais.
Depois do primeiro, Ludmila registrou mais oito nascimentos de bebês empelicados em apenas dois anos.
O que muitos chamam de sorte – já que o fenômeno não pode ser previsto – Ludmila chama de escolha divina.
“É como se eu fosse escolhida por Deus mesmo. Minha carreira mudou em dois anos, de uma hora para outra, por conta desses partos.”
Muito além da técnica
A fotografia de bebês empelicados exige técnica e experiência, mas Ludmila ressalta que a calma, a atenção e o foco são cruciais na hora de fazer esses registros.
“Não adianta ter o melhor equipamento se você não presta atenção e não sabe o momento certo nem como agir. Isso é um dom de Deus, e é por isso que me sinto privilegiada. Você pode apertar o botão, mas se não tiver técnica e não se concentrar com calma, a foto não sai bonita. Por isso sempre ressalto: não basta ser fotógrafo, é preciso estudar e ter dom para agir de forma correta no momento certo e conseguir o clique perfeito. É por isso que digo que sou preparada e que Deus me abençoa sempre.”
A fotógrafa explicou que usa a mesma câmera em todos os partos, já que não existe a possibilidade de ela saber se o bebê virá empelicado ou não.
“O equipamento que eu uso é o mesmo em todos os partos: câmera Nikon e a lente 24-70mm, que eu amo por ser vesátil e clara. Mas eu não sei que vai ser empleicado, não tem como pensar nisso. Na hora, acontece, e eu faço o clique com o equipamento que sempre uso.”
O início de tudo
Ludmila, que também é formada em Jornalismo, contou que conheceu o mundo da fotografia de partos por meio da materdinade. Na ocasião ela enfrentou muitas dificuldades para fotografar o parto de sua primeira filha.
“Não podia fotografar, mas meu irmão que é médico, entrou com uma câmera e fez algumas imagens pra mim. Eu cheguei a contratar fotógrafos mas não deixaram entrar.”
Ludmilla ficou encantada tanto com as fotografias do parto feitas pelo irmão quanto com as fotos dos bastidores feitas pelos fotógrafos.
“Comecei a questionar o porquê de outras mulheres não viverem isso.”
A partir dessa experiência, Ludmila começou a buscar oportunidades: procurou médicos em Muriaé, Minas Gerais, cidade onde vive, e passou a fotografar partos de familiares.
“A fotografia de parto hoje tem seu espaço e é muito querida. Mas no início foi difícil.”
Ludmila conseguiu ultrapassar os obstáculos do começo da carreira e hoje em dia se consolidou como uma das fotógrafas de parto mais relevantes do país.
“Hoje, os hospitais da minha cidade entenderam que esse nicho também é uma forma de humanização do parto para a mulher.”
Bebês empelicados em série
Além do talento inegável de Ludmila, a quantidade impressionante de partos empelicados que ela fotografou chama a atenção em seu portfólio.
Depois de fotografar Nicolas, Ludmila imaginou que fosse demorar um bom tempo para que ela se deparasse com o fenômeno novamente, mas foi surpreendida pelo nascimento dos gêmeos Bettina, que nasceu de parto pélvico (bumbum para a lua), e Mathias, que nasceu empelicado. Ambos os partos aconteceram em 2023.
Reprodução/Arquivo pessoalMathias, segundo bebê empelicado fotografado por Ludmila Gusman.
Em seguida, veio o parto de Antonella, prematura de 33 semanas, que nasceu empelicada. O quatro parto empelicado registrado por Ludmila foi o da pequena Maria Eliza, em janeiro de 2024.
Reprodução/Arquivo pessoalMaria Eliza, quarto bebê empelicado fotografado por Ludmila Gusman.
No final de 2024, Ludmila fotografou um fenômeno mais raro ainda: um parto gemelar onde os dois bebês nasceram empelicados em bolsas amnióticas diferentes. Antônio chegou primeiro envolto pela bolsa e, logo em seguida, sua irmã Cecília.
Já em março de 2025, Ludmila fotografou o nascimento dos trigêmeos Arthur, Laura e Júlia. Júlia nasceu completamente empelicada, ou seja, ainda envolta pela bolsa amniótica intacta.
Ainda em 2025, a fotógrafa registrou o nascimento de Tiago, sobrinho da lutadora de UFC Poliana Botelho, que nasceu empelicado em um hospital de Muriaé.
Planos para o futuro
As imagens de nascimentos de bebês empelicados feitas por Ludmila rodaram o mundo e agora, a fotógrafa pretende reuni-las em um livro. E sonha em organizar uma exposição com essas imagens.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR