Sorry, we couldn't find any posts. Please try a different search.

Ministério da Saúde e OMS rejeitam fala de Trump sobre autismo

Ministério da Saúde e OMS rejeitam fala de Trump sobre autismo

Reprodução/YoutubeDonald Trump discursa na ONU

O Ministério da Saúde emitiu, nesta terça-feira (23), uma nota oficial em que reforça que o paracetamol, medicamento de propriedades analgésica e antipirética, é seguro durante a gravidez e não tem relação comprovada com o surgimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA).


A manifestação ocorre um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerir que o uso do fármaco durante a gestação poderia aumentar o risco de autismo em crianças, sem apresentar evidências científicas.

Na segund a(22), Trump e o secretário de Saúde americano, Robert F. Kennedy Jr., afirmaram que a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, notificaria médicos sobre o risco do medicamento durante a gestação. O mandatário, inclusive, recomendou que gestantes utilizassem o remédio apenas se necessário, como em casos de febre.

Em nota, o Ministério da Saúde do Brasil criticou a disseminação de informações sem base científica.

“A saúde não pode ser alvo de atos irresponsáveis. A atuação de lideranças políticas na criação de informações deturpadas pode gerar consequências desastrosas para a saúde pública, como vimos na pandemia de Covid-19, com mais de 700 mil vidas perdidas no Brasil”, afirmou a pasta.

O órgão ainda ressaltou que “o anúncio de que autismo é causado pelo uso de paracetamol na gestação pode causar pânico e prejuízo para a saúde de mães e filhos, inclusive com a recusa de tratamento em casos de febre e dor, além do desrespeito às pessoas que vivem com Transtorno do Espectro Autista e suas famílias”.

A pasta ainda explicou que o TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado por desenvolvimento atípico, déficits na comunicação e interação social, padrões de comportamento repetitivos e repertório restrito de interesses e atividades.

Agências internacionais reforçam segurança do paracetamol

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e agências de saúde da União Europeia e do Reino Unido também se posicionaram contra a afirmação de Trump.

Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS, declarou que as evidências de associação entre paracetamol e autismo “continuam inconsistentes” e que “essas coisas não devem realmente ser questionadas sem base científica”.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que não há novas evidências que justifiquem mudanças nas recomendações atuais sobre o medicamento.

“As evidências disponíveis não encontraram nenhuma ligação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo”pontuou a EMA.

Alerta da fabricante

A empresa Kenvue, fabricante do Tylenol, também se pronunciou sobre as declarações do presidente. Em comunicado, reforçou que o paracetamol é a opção mais segura de analgésico para gestantes e deve ser recomendado quando necessário, em qualquer etapa da gestação.

“Sem ele, as mulheres enfrentam escolhas perigosas: sofrer com condições como febre, que são potencialmente prejudiciais à mãe e ao bebê, ou recorrer a alternativas mais arriscadas”, afirmou a Kenvue.

O que a ciência diz hoje sobre as causas do autismo?

Entidades de saúde e pesquisadores da área têm rejeitado a fala de Trump porque, nas últimas décadas, ampliou-se a compreensão de que o TEA é um transtorno multifatorial. É o que explica Marina Zotesso,  mestre e doutora em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ao Portal iG.

“Não existe um ponto específico que a gente possa dizer de onde é o surgimento do autismo. Há variações na literatura que nos indicam associação de questões genéticas e ambientais para os possíveis indicativos nos pacientes que nós temos e nos pacientes que são diagnosticados”, afirma.

Zotesso alerta, ainda, que estabelecer uma correlação simples entre um medicamento e o TEA pode ser perigoso, já que sugere que o autismo poderia ser prevenido com ações específicas.

“Quando a gente pergunta se há prevenção, não existe nada na literatura que comprove essa diminuição de casos do número de pacientes autistas. O que nós podemos ter, sim, na literatura e no dia a dia, são indicações de que os cuidados na gestação e os cuidados de saúde pública podem reduzir riscos”, explica.

Quanto ao uso de medicamentos, ela reforça que ainda não existem conclusões definitivas que apontem um único fármaco como possível causa do autismo, embora existam muitas pesquisas em andamento. 

“O que nós sabemos é que, durante a gestação, é muito importante a mãe ter cuidado com as medicações que usa. Mas há muitas especulações e falas desinformadas nesse cenário. Por exemplo, o paracetamol, que foi pauta agora, não tem nenhuma evidência na literatura que justifique interromper o uso durante a gestação”, diz.

“Já outras medicações, como antiepiléticos, quando usadas em altas doses no período pré-natal, podem trazer risco de má formação, inclusive neurológica, mas não são causas específicas do autismo. Os estudos ainda são muito inconsistentes para conclusões definitivas”, conclui.

Aumento nos casos

Em 2025, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA divulgou que a prevalência do autismo no país aumentou para 1 em cada 31 crianças, em comparação com os dados anteriores, de 1 em 36. Os números, baseados em informações de 2022 e publicados em abril de 2025, fazem parte do programa ADDM, que monitora crianças de 4 a 8 anos.

Zotesso destaca que esse crescimento não está ligado a uma substância específica, mas aos avanços da ciência e da sociedade em relação ao transtorno.

“A ciência vem expandindo os critérios diagnósticos, que antes eram muito escassos, e criando instrumentos padronizados para identificar possíveis sinais do autismo”explica.

Ela acrescenta que a maior conscientização da população também tem papel fundamental.

“Hoje, as pessoas buscam mais diagnóstico e encontram serviços de qualidade, com avaliações e intervenções individualizadas. Do ponto de vista teórico, houve uma expansão enorme sobre a temática do autismo. Isso faz com que casos que antes não eram reconhecidos como tal, agora possam ser fechados corretamente”, pontua.

Zotesso lembra também que, no passado, muitos sinais clássicos de autismo eram confundidos com outros diagnósticos.

“Se a gente observa registros antigos, é possível identificar sinais clássicos de autismo em pessoas que receberam outros diagnósticos, como deficiência intelectual. O que era autismo muitas vezes não tinha nome na época. Hoje, com pesquisa e novos instrumentos, conseguimos fechar os critérios diagnósticos com muito mais precisão”, diz.

Responsabilidade

Em meio à polêmica com Trump, a especialista alerta que declarações sem respaldo científico feitas por autoridades podem colocar em risco a segurança da população.

Isso porque, muitas vezes, são justamente essas figuras públicas são a principal fonte de informação, em um cenário em que nem todos têm acesso a materiais confiáveis e baseados em evidências.


“Essas declarações não só alimentam a propagação de fake news, como também colocam a ciência em risco. As pesquisas já apontam, desde 2020, que não existe correspondência entre o uso de paracetamol e o autismo. Até hoje, nenhuma publicação foi atualizada no sentido de comprovar essa associação. Mas quando uma figura pública diz algo equivocado, passa a impressão de ser mais confiável que a própria ciência, o que fragiliza o acesso da população a informações de qualidade”, conclui Zotesso.

Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

Flagrou? Manda pro Pimenta Virtual!

Se aconteceu em Pimenta Bueno ou região, basta enviar um áudio ou texto narrando os fatos junto com que
você registrou para nosso

WhatsApp (69) 98122-9699.

Pimenta Virtual apura e leva a informação à comunidade.
✉ Fotos, vídeos, denúncias e causas sociais são bem-vindos!

Ao enviar você autoriza o uso do material nos nossos canais.
Sua identidade ficará em total sigilo, protegida pela Lei de Fontes (CF/88, art. 5º, XIV).

Flagrou? Manda pro Pimenta Virtual!

Se aconteceu em Pimenta Bueno ou região, basta enviar um áudio ou texto narrando os fatos junto com que
você registrou para nosso WhatsApp (69) 98122-9699.

Pimenta Virtual apura e leva a informação à comunidade.
✉ Fotos, vídeos, denúncias e causas sociais são bem-vindos!

Ao enviar você autoriza o uso do material nos nossos canais.
Sua identidade ficará em total sigilo, protegida pela Lei de Fontes (CF/88, art. 5º, XIV).

FXSuperCach pc