ReproduçãoA gravidade e a chance de recuperação dependem da causa do coma
O anúncio de que um bebê declarado morto foi encontrado com vida durante o próprio velório em Rio Branco, no Acre, reacendeu discussões sobre o funcionamento do cérebro humano em estados de inconsciência profunda.
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O episódio, ocorrido no último sábado (25), mobilizou o Ministério Público e levou o governo acreano a abrir investigação interna sobre os procedimentos adotados pela equipe médica.
Segundo o Ministério Público do Acre, o recém-nascido, de cinco meses de gestação, foi dado como morto na noite de sexta-feira passada (24) na Maternidade Bárbara Heliodora, após parto normal.
A família, do município de Pauiní, interior do Amazonas, relatou que o corpo chegou a ser levado por uma funerária para o velório, mas, antes do sepultamento, uma parente pediu para abrir o caixão e ouviu o bebê chorar.
O recém-nascido foi socorrido e levado de volta à maternidade, onde permanece internado na UTI neonatal, em estado grave, mas clinicamente estável.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre afirmou que “todos os protocolos de reanimação foram rigorosamente seguidos pela equipe multiprofissional” e que o óbito havia sido comunicado à família.
Após o retorno dos sinais vitais, o bebê foi novamente admitido na unidade e passou a receber ventilação mecânica.
O MP-AC informou que solicitou documentos e relatórios médicos para apurar as circunstâncias do caso e a conduta dos profissionais.
Coma
Casos de retorno à consciência — ou à atividade vital após constatação de morte aparente — estão ligados à complexidade dos mecanismos cerebrais.
Segundo o site do médico Drauzio Varella, o coma é um estado de inconsciência prolongada no qual a pessoa não desperta mesmo sob estímulos dolorosos, sonoros ou visuais. O coma representa uma alteração persistente do nível de consciência.
A gravidade e a chance de recuperação dependem da causa do coma, não do coma em si. Lesões diretas no cérebro, como traumatismos ou acidentes vasculares, tendem a gerar quadros mais duradouros.
Já comas decorrentes de hipoglicemia ou falta de oxigênio podem reverter em menos tempo.
A ausência de atividade no córtex cerebral, responsável pela consciência, faz com que o paciente não perceba o ambiente nem sinta dor.
Escala de Glasgow
ReproduçãoComa
Para medir a profundidade do coma, utiliza-se a Escala de Glasgow, que varia de 3 a 15 pontos e considera respostas oculares, verbais e motoras. Pontuações iguais ou inferiores a 8 indicam coma profundo.
Mesmo em situações críticas, algumas áreas cerebrais podem manter atividade residual, especialmente a auditiva — por isso, familiares são orientados a conversar com o paciente durante o tratamento.
Casos semelhantes ao do bebê do Acre, embora raros, também envolvem reações cerebrais inesperadas.
Caso nos EUA
Em fevereiro, um jovem norte-americano entrou em coma após um acidente de carro na Flórida e despertou meses depois, o suficiente para se comunicar com investigadores e acusar a namorada de ter provocado a colisão.
Entenda: Jovem acorda de coma, faz revelação surpreendente e morre
Daniel Waterman, de 22 anos, usou uma lousa para formar palavras e relatar que ouviu a companheira dizer, antes do impacto: “Você vai ter o que merece.”
A partir desse relato, a polícia alterou a acusação contra Leigha Mumby, de 24 anos, de direção imprudente para homicídio culposo com veículo.
Waterman morreu meses depois, em outubro, por complicações de pneumonia, após longo período de internação.
O caso exemplifica o que especialistas descrevem como “recuperação pós-coma”: processo lento, que pode se estender por meses ou anos e requer equipe multidisciplinar.
Segundo o site de Drauzio Varella, o retorno da consciência é gradual e pode incluir fases intermediárias, como o estado vegetativo persistente e o estado minimamente consciente, nos quais há reações automáticas antes da retomada plena da consciência.
Pacientes que despertam relatam amnésia sobre o período de inconsciência e necessitam de reabilitação motora, cognitiva e emocional.
Com ou sem causa identificável, o despertar de um coma segue sendo um dos eventos mais enigmáticos da medicina moderna.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

