CanvaO que acontece quando ensinamos uma criança a entender o que sente?
Você já parou para pensar que muitas das reações que temos como adultos vêm de algo que não aprendemos na infância? A educação emocional é justamente o caminho para quebrar esse ciclo e começa muito antes do que imaginamos.
Segundo a psicóloga e educadora emocional Nanda Perim, aprender sobre emoções é mais do que “controlar sentimentos”. É aprender a reconhecer, nomear e lidar com o que se sente, sem deixar que a emoção nos domine.
“Educação emocional é entender que as emoções vêm em ondas, que têm um pico e depois passam. Se reagimos no auge, é ali que erramos mais. Por isso, é essencial aprender a esperar, respirar e se reorganizar antes de agir”, explicou à coluna.
Quanto antes, melhor
A especialista destaca que a infância é uma janela de oportunidade única. O cérebro da criança está em formação e, quanto mais cedo ela aprende sobre emoções, mais natural e automática se torna essa habilidade na vida adulta.
“Enquanto os adultos precisam reprogramar padrões emocionais que já estão consolidados, a criança cria uma base saudável desde o início. Ela cresce sabendo o que sente, como reagir e como se relacionar de forma mais equilibrada”, afirma.
Papel dos pais
Nanda lembra que a educação emocional começa nos adultos. “Muitos de nós não aprendemos isso e estamos descobrindo junto com os filhos. É preciso admitir o que não sabemos e buscar aprender. Só assim conseguimos ensinar”, destaca.
E o mais importante não é ser um pai ou mãe “perfeito” e sim um modelo real. “As crianças não precisam ver pais que nunca erram. Elas precisam ver pais que tentam, que pedem desculpas, que respiram fundo e seguem aprendendo. Isso ensina empatia, paciência e humildade emocional.”
Desafio das telas
Com a rotina acelerada e a presença constante das telas, o tempo de conexão real entre pais e filhos tem diminuído e isso impacta diretamente o desenvolvimento emocional.
“As telas são imediatas. Tudo acontece no tempo que a gente quer. Mas as relações humanas não funcionam assim, exigem escuta, troca, espera. Quando a criança se acostuma a estímulos artificiais, perde referência de convivência real”, alerta.
Por isso, Nanda recomenda que os pais controlem tempo e qualidade do conteúdo, criando horários e limites claros. “Mais do que quantidade, é importante pensar na qualidade do que a criança consome e garantir momentos de interação real todos os dias.”
Quando o adulto também está aprendendo
Para os pais que cresceram sem esse tipo de aprendizado, o desafio é ainda maior, mas possível. “O primeiro passo é reconhecer que não sabemos. Depois, buscar conhecimento e praticar. A gente só aprende exercitando. A criança aprende com o que vê, e não com o que ouve. Se o adulto se descontrola, a criança copia. Se ele busca equilíbrio, ela aprende também”, reforça.
Como começar na prática
A psicóloga indica pequenas atitudes diárias que constroem grandes resultados:
• Conversar sobre sentimentos, sem julgamentos.
• Ajudar a criança a dar nome às emoções (“você está com raiva”, “parece que ficou triste”).
• Ensinar técnicas de respiração e pausa antes de reagir.
• Mostrar alternativas saudáveis: “bater machuca, mas você pode respirar, pedir um abraço ou se afastar para se acalmar”.
Acervo pessoalPsicóloga Nanda Perim
“Educar emocionalmente não é impedir a emoção, é ensinar o que fazer com ela. É formar adultos que não fogem do que sentem, mas que sabem transformar sentimento em aprendizado”, conclui Nanda.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

