Reprodução/ Pexels Xarope
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta de saúde nesta semana sobre três xaropes para tosse fabricados na Índia, apontados como responsáveis pela morte de várias crianças no país durante o final de setembro. As informações são da CNN.
Segundo a agência, os medicamentos líquidos orais analisados apresentavam concentrações elevadas de dietilenoglicol (DEG), substância tóxica associada a riscos de intoxicação grave e óbito, especialmente em crianças.
O uso dos medicamentos contaminados pode causar danos graves ou morte. De acordo com a OMS, os efeitos podem incluir dor abdominal, vômitos, diarreia, incapacidade de urinar, dor de cabeça, alteração do estado mental e lesão renal aguda.
De acordo com a OMS, as autoridades estaduais competentes ordenaram a interrupção imediata da produção nas unidades de fabricação envolvidas e suspenderam as autorizações dos medicamentos . Além disso, iniciaram um recall dos produtos contaminados.
Em comunicado, a organização destacou que “nenhum dos medicamentos contaminados foi exportado da Índia e que atualmente não há evidências de exportação ilegal”.
No entanto, a OMS orienta ainda que as Autoridades Reguladoras Nacionais (ARNs) realizem monitoramento específico do mercado, com atenção especial às cadeias de suprimento informais ou não regulamentadas, onde produtos irregulares podem circular sem controle.
As agências também devem avaliar os riscos de outros medicamentos líquidos orais provenientes das mesmas fábricas, principalmente os produzidos a partir de dezembro de 2024.
Não é a primeira vez que medicamentos para tosse produzidos na Índia, que é o maior exportador mundial de genéricos, apresentam níveis perigosos de substâncias tóxicas.
A mesma substância tóxica foi associada a tragédias anteriores. Em 2023, xaropes fabricados no país e exportados foram ligados à morte de dezenas de crianças no Uzbequistão e na Gâmbia .
Investigações
De acordo com a CNN, autoridades do estado de Tamil Nadu, no sul, suspenderam a licença de um fabricante e fecharam a empresa.
Isso aconteceu depois que as autoridades sanitárias indianas confirmaram pelo menos 19 mortes de crianças no estado de Madhya Pradesh, na região central do país, após o consumo de um xarope da empresa.
As vítimas apresentaram inicialmente sintomas leves de tosse e resfriado, mas evoluíram rapidamente para falência renal aguda, segundo o superintendente distrital Ajau Pandey, responsável pela investigação local.
“No início, eles tinham tosse e resfriado, e depois sintomas de insuficiência renal que levaram à morte”, explicou Pandey em coletiva de imprensa no último dia 5 de outubro.
Uma investigação subsequente identificou “limites de DEG mais altos do que os permitidos” como a razão por trás das mortes, acrescentou Pandey.
A polícia do estado de Tamil Nadu prendeu o proprietário da farmacêutica. Dois inspetores responsáveis por fiscalizar as instalações também tiveram suas licenças revogadas por negligência e devem enfrentar medidas disciplinares por falhas de inspeção obrigatória.
Além disso, a polícia também abriu investigação contra um médico que prescreveu o medicamento às crianças afetadas.
Outros casos
Em 2022, as autoridades de saúde da Índia determinaram a suspensão da produção de xaropes para tosse fabricados por uma farmacêutica, após a detecção de “quantidades inaceitáveis” de substâncias químicas tóxicas em diversos medicamentos líquidos orais.
Os produtos contaminados foram associados à morte de mais de 60 crianças na Gâmbia e, possivelmente, de mais de 20 na Indonésia, segundo as investigações conduzidas pelas autoridades.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR