I.APesquisas recentes mostram que hábitos digitais, sedentarismo e postura inadequada impulsionam dores precoces na coluna
A dor na coluna deixou de ser um problema associado apenas à vida adulta e passou a afetar, de forma crescente, adolescentes e jovens no Brasil. Estudos publicados entre 2024 e 2025 indicam que a incidência de dores musculoesqueléticas nessa faixa etária tem aumentado de maneira consistente, impulsionada por hábitos digitais, sedentarismo, sobrecarga emocional e posturas inadequadas no dia a dia.
Um dos levantamentos mais abrangentes sobre o tema, o estudo “Prevalence of Disabling Musculoskeletal Pain in Children and Adolescents” (2024), avaliou 2.688 crianças e adolescentes e identificou que 27,1% apresentaram dor musculoesquelética incapacitante no mês anterior à pesquisa. A coluna vertebral foi a região mais afetada, relatada por 51,8% dos jovens avaliados.
Outro trabalho nacional, publicado em 2025 na revista Frontiers in Pain Research, intitulado “The Association Between the Site of Back Pain and the Number of Painful Sites with Daily Activities”, analisou 350 estudantes com média de idade de 12,7 anos. O estudo apontou que dores torácicas e lombares estão diretamente associadas a faltas escolares, redução da participação em atividades físicas, maior procura por atendimento médico e uso recorrente de medicamentos. Os dados mostram ainda que, quanto maior o número de regiões da coluna afetadas, maior o impacto negativo na rotina diária dos adolescentes.
Para Wolney Haas, CEO da Sou Coluna e fundador de uma clínica referência nacional em tratamentos especializados para a coluna, os resultados refletem mudanças claras no estilo de vida dos jovens. “A coluna não espera a vida adulta para dar sinais. Pequenos ajustes na rotina, como levantar a cada hora, fortalecer a musculatura e usar o celular na altura dos olhos, já fazem diferença. Os pais têm um papel fundamental em orientar e buscar ajuda profissional quando a dor aparece. Quanto mais cedo o jovem recebe acompanhamento especializado, menores são as chances de essa dor se tornar um problema para o resto da vida”, afirma.
A combinação de longos períodos em frente às telas, redução da atividade física e aumento da sobrecarga emocional criou um cenário propício para o surgimento de dores cada vez mais precoces. Hoje, muitos adolescentes estudam no computador, se comunicam pelo celular, consomem entretenimento em streaming e passam grande parte do dia sentados ou deitados em posturas que sobrecarregam a coluna. Esse conjunto de fatores favorece tensões musculares, desalinhamentos posturais e padrões de movimento repetitivos que o corpo em desenvolvimento ainda não está preparado para sustentar.
Pesquisas internacionais reforçam essa tendência. O estudo “The Impact of Physical Activity on Adolescent Low Back Pain” (2024), publicado no Journal of Clinical Medicine, concluiu que tanto a inatividade física quanto a prática esportiva excessiva aumentam o risco de lombalgia em adolescentes. Segundo os pesquisadores, a proteção está na atividade física moderada, que contribui para o fortalecimento muscular e para a estabilidade da coluna.
“Mais do que tratar a dor, precisamos ensinar os jovens a entender o próprio corpo. Quando aprendem desde cedo a cuidar da coluna, evitamos uma geração inteira de adultos com dores crônicas. A prevenção não é um detalhe, é a base de uma vida ativa e saudável”, finaliza Wolney Haas.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

