FreePikEstudo associa queijo gordo e creme a menor risco de demência
Pessoas que consomem regularmente queijo com maior teor de gordura e creme de leite podem ter um risco menor de desenvolver demência ao longo dos anos, segundo um novo estudo publicado na revista científica Neurologyda Academia Americana de Neurologia. A pesquisa acompanhou quase 28 mil indivíduos na Suécia por um período de 25 anos. As informações são da ABC News.
De acordo com os resultados, participantes que ingeriam 50 gramas ou mais de queijo gordo por dia, o equivalente a cerca de um terço de uma xícara, apresentaram menor risco geral de demência e também de demência vascular, condição relacionada à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro.
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O mesmo efeito foi observado entre aqueles que consumiam, em média, ao menos 20 gramas diárias de creme de leite integral, aproximadamente uma colher e meia de sopa.
Por outro lado, o estudo não identificou benefícios semelhantes associados ao consumo de queijos e cremes com baixo teor de gordura, nem da manteiga. O consumo de leite, seja integral ou desnatado, também não demonstrou relação com a redução do risco de demência.
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Para Emily Sonestedt, professora associada da Universidade de Lund e autora sênior do estudo, as diferenças podem estar ligadas tanto ao perfil nutricional quanto à forma como esses alimentos são consumidos no dia a dia.
“O queijo é um alimento fermentado, o que gera compostos bioativos que podem influenciar processos inflamatórios e os vasos sanguíneos. Já o creme costuma ser usado em preparações caseiras, e não consumido em grandes quantidades isoladamente”, explicou Sonestedt em entrevista à ABC News.
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“O leite, por sua vez, varia muito conforme os padrões alimentares e não passa pelo mesmo processo de fermentação.”
A qualidade e a origem dos laticínios também podem influenciar os resultados, segundo o neurologista Richard Isaacson, especialista em prevenção da demência no Institute for Neurodegenerative Disease.
“Nem todo queijo é igual. O que a vaca come determina a composição do leite e isso se reflete no queijo”, afirmou. Isaacson destacou que produtos derivados de vacas alimentadas com pasto, especialmente ao longo de toda a vida, tendem a conter níveis mais elevados de ácidos graxos ômega-3.
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“Os ômega-3 têm efeito protetor preferencial para o cérebro”, disse o médico, ressaltando que o benefício pode ser mais relevante para pessoas com risco aumentado de declínio cognitivo.
O estudo, no entanto, identificou uma exceção importante: cerca de 15% a 20% da população carrega ao menos uma cópia da variante genética APOE ε4, associada a maior risco de Alzheimer. Entre esses indivíduos, não foi observado benefício relacionado ao consumo de qualquer tipo de laticínio.
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“O fato de termos encontrado uma associação mais clara com a demência vascular e com o Alzheimer apenas em pessoas sem a variante APOE ε4 sugere que o mecanismo esteja mais ligado a fatores vasculares e metabólicos do que aos processos centrais de acúmulo de amiloide”, explicou Sonestedt.
A ausência de efeito entre portadores do APOE ε4 reforça a ideia de que recomendações alimentares para a saúde do cérebro podem precisar ser personalizadas.
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“Pessoas com o gene APOE ε4 são mais sensíveis à gordura saturada do que aquelas que não o possuem”, disse Isaacson. Segundo ele, enquanto algumas pessoas toleram esse tipo de gordura em quantidades moderadas, outras especialmente com maior risco genético, devem ter mais cautela.
“Não existe uma abordagem única para a prevenção do Alzheimer”, enfatizou o especialista.
Os autores alertam, contudo, que os dados não comprovam que o consumo elevado de queijo gordo e creme previna a demência. Por se tratar de um estudo observacional, não é possível estabelecer relação direta de causa e efeito.
“Queijo e creme podem ser apenas marcadores de padrões alimentares e estilos de vida mais amplos. Isso não é um sinal verde para aumentar drasticamente o consumo”, alertou Sonestedt.
Atualmente, estima-se que 6,7 milhões de idosos vivam com Alzheimer nos Estados Unidos, número que deve dobrar até 2060, segundo a Associação de Alzheimer.
“Eu não recomendaria grandes mudanças na dieta com base em um único estudo”, concluiu Sonestedt. “Mas pessoas que gostam de queijo ou usam creme na culinária não precisam se preocupar com esses alimentos quando consumidos de forma moderada.”
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

