I.AExcessos do Natal podem sobrecarregar o coração
O período do Natal é marcado por celebrações, encontros familiares e mesas fartas, mas também concentra um real aumento de eventos cardiovasculares, como picos de pressão arterial, arritmias e até infartos agudos do miocárdio. Esse fenômeno já foi identificado em diversos estudos ao redor do mundo: a temporada de festas está associada a um aumento de até 15% nos ataques cardíacos durante o Natal e o Ano-Novo, sendo que a véspera de Natal pode registrar até 37% mais casos em comparação a dias normais.
Segundo Taynara Abreu, nutricionista do Hospital Mantevida, não é um único fator isolado, mas a soma de hábitos que ocorre nesse período que sobrecarrega o sistema cardiovascular. “O Natal costuma reunir excesso de sal, gordura e açúcar, maior consumo de álcool, noites mal dormidas, estresse emocional, viagens longas e interrupção temporária de hábitos saudáveis, como atividade física regular e uso correto de medicamentos. Essa combinação cria um ambiente de risco”, explica.
O trio mais perigoso: sal, álcool e pouco sono
Entre os principais fatores, alguns atuam em conjunto de forma especialmente nociva:
Sal em excesso — favorece retenção de líquidos e elevação da pressão arterial, um dos principais riscos para pessoas com hipertensão ou predisposição vascular.
Álcool — além de acrescentar calorias vazias, pode desidratar e provocar arritmias e picos de pressão. O chamado “Holiday Heart Syndrome”(síndrome cardíaca festiva) está associado a arritmias desencadeadas pelo consumo intenso de álcool durante as festas.
Privação de sono — altera hormônios como cortisol, aumenta a inflamação sistêmica e desregula o controle da pressão e da glicemia, sobrecarregando o coração.
“As gorduras, especialmente as saturadas em grande quantidade, agravam ainda mais o quadro ao dificultar a circulação e intensificar a resposta inflamatória do organismo”, complementa Taynara.
O corpo costuma avisar e os sinais não devem ser ignorados
O coração muitas vezes sinaliza quando está sendo sobrecarregado. Entre os principais sintomas que merecem atenção imediata estão:
“Esses sinais não devem ser atribuídos apenas à comida ou ao cansaço das festas. Procure atendimento médico imediatamente”, reforça a nutricionista.
Risco mesmo sem diagnóstico anterior
Mesmo quem nunca teve um problema cardíaco identificado pode estar em risco durante o fim de ano, especialmente se já tiver fatores de risco silenciosos como hipertensão não diagnosticada, colesterol elevado, resistência à insulina, sobrepeso ou histórico familiar de doenças cardiovasculares.
Estudos mostram que o aumento no número de infartos durante o Natal e o Ano-Novo ocorre independentemente da estação do ano, sugerindo que o estilo de vida festivo tem papel importante nisso.
Uma atitude simples que faz muita diferença
Entre tantas recomendações, uma das medidas mais eficazes, e frequentemente negligenciada, é manter a hidratação e respeitar o sono. “Beber água ao longo do dia, intercalar o consumo de álcool com água e garantir algumas horas de descanso ajudam a controlar a pressão arterial, diminuem o risco de arritmias e reduzem a sobrecarga do coração”, orienta Taynara.
O Natal pode (e deve) ser um momento de celebração. Com escolhas conscientes e atitudes simples de cuidado, é possível aproveitar as festas sem colocar o coração em risco.
Fonte: SAUDE.IG.COM.BR

