51% dos gamers no Brasil são mulheres, mas elas são maioria só nos celulares

51% dos gamers no Brasil são mulheres, mas elas são maioria só nos celulares

Mulheres são maioria dentre os gamers no Brasil Unsplash/Erik Mclean Mulheres são maioria dentre os gamers no Brasil


Resumo


A maior parte do público de jogos eletrônicos no Brasil é composto por mulheres, mas esse dado é puxado apenas pela participação delas nos games mobiledesenvolvidos para celular. De acordo com a oitava edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), 51,5% dos jogadores no país são mulheres.

Nos smartphoneselas são a grande maioria: 62,2% do público é feminino. Já nos computadores e nos consolesas mulheres ainda ficam atrás dos homens e representam 40,4% e 38,1% nesses dispositivos, respectivamente.

Carlos Silva, Head de Gaming na GoGamers, empresa envolvida com a pesquisa, conta que as mulheres já são maioria no universo de jogos no Brasil há alguns anos. Ele analisa que os smartphones são porta de entrada para elas, mas que o crescimento feminino em games de console e PC também é expressivo.

“Em PC, o público feminino aumentou praticamente 10%. Então, tem esse movimento também em outras plataformas, o ponto é que as mulheres descobriram o mundo dos games através dos smartphones e agora elas, entendendo mais e se envolvendo ainda mais, conseguem também descobrir outras plataformas como uma opção também”, analisa.

Mais mulheres jogando

Esse é o caso, por exemplo, da Amanda Dantas Ataíde Sidônio, conhecida como Branca. Ela começou a jogar apenas no celular, com o Free Fire e, depois, migrou para o PC. Atualmente, Branca é streamer na Nimo TV e já participou de competições profissionais.

“Quando eu comecei, não tinha nem um computador próprio, eu comecei jogando no computador da minha irmã. Com o tempo, com as lives, eu consegui adquirir o meu próprio computador”, lembra.

Amanda Dantas Ataíde Sidônio, a Branca Reprodução/Youtube Amanda Dantas Ataíde Sidônio, a Branca

A jogadora avalia que, desde que entrou para o mundo dos jogoshá cerca de quatro anos, o número de meninas vem aumentando. “Com o tempo, a gente vem ganhando bastante espaço e correndo atrás de fazer nosso nome no jogo, apesar do preconceito que sempre acontece”, conta.

Mexendo com a indústria

A maior presença feminina nos jogos tem causado impacto no próprio mercado. Carlos conta que a indústria vem se adaptando a isso, tornando-se mais inclusiva e diversa. “Trazer essa diversidade e essa inclusão, de maneira geral, para os games, é importante. E a indústria precisa refletir isso também, entendendo que hoje você tem um público feminino com muito potencial, seja no celular ou crescendo em outras plataformas. A indústria está entendendo e está se moldando em cima disso para atender a esse consumidor”, afirma.

Ele exemplifica que os personagens de jogos  têm se adequado ao público feminino, assim como algumas competições profissionais têm investido mais nos torneios entre mulheres.

O caminho a ser percorrido, porém, ainda é longo. Foi só no ano passado que uma mulher competiu pela primeira vez em um campeonato oficial de  League of Legends no Brasil. Gabriela “Harumi” Gonçalves foi escalada oito anos depois do campeonato chegar ao país.

“Competitivo feminino ainda é um pouco desvalorizado, geralmente nos campeonatos você sente uma diferença muito grande, até de premiação, de tudo. Mas aos poucos a gente vem conquistando um pouco mais de espaço”, afirma Branca. “Quem não entendeu ainda o que está acontecendo precisa realmente abraçar isso”, diz Carlos, sobre a indústria.

Machismo como barreira

Apesar do número de mulheres estar crescendo nos jogos, o preconceito ainda existe – e não é pequeno. “Acho que todas as meninas no jogo já enfrentaram algumas ou várias situações de machismo, infelizmente”, lamenta Branca.

Mesmo sendo uma streamer famosa, ela conta que ainda toma alguns cuidados para não ser atingida pelo machismo . “É algo que a gente já espera. Geralmente, quando eu entro nas partidas aleatórias, eu sempre fico mutada. Eu não consigo jogar sem estar mutada justamente porque eu sei que muito provavelmente vão ter comentários desgradáveis”.

O preconceito acaba sendo uma barreira para que mais mulheres entrem no mundo dos jogos e se profissionalizem nele. Para Branca, é preciso ter coragem. “Acho que quando a gente tem vontade de algo e a gente tem um pouco de receio, o mais cerrto é a gente arriscar mesmo”, aconselha.

Já Carlos lamenta que a questão de gênero seja um impeditivo para que mulheres possam usufruir do que que os games têm de melhor. “Diversão é para todo mundo, entretenimento é para todo mundo”, afirma.

Fonte: TECNOLOGIA.IG.COM.BR