Mulher de 60 anos vende pertences e larga tudo para morar em motorhome

Mulher de 60 anos vende pertences e larga tudo para morar em motorhome

Reprodução/iNews Siobhan Daniels com seu motorhome

A jornalista inglesa Siobhan Daniels tomou uma decisão após os 60 anos que mudou o rumo de sua vida: após pedir demissão de seu emprego, ela decidiu que venderia todos os pertences que tinha e os trocaria por um motorhome para explorar o melhor que o Reino Unido poderia oferecer.

Siobhan está na estrada há dois anos e, neste meio tempo, experimentou o melhor (e até o pior) do que é viver a vida de nômade — principalmente o momento do período pandêmico, em que precisou ficar isolada em um terreno apenas com a companhia do motorhome.

“Eu estava sentada no chão do meu apartamento em Tunbridge Wells, olhando para todas as minhas posses espalhadas pelo lugar e encaixotadas, quando a grandiosidade do que escolhi fazer me acertou. Por um momento, fui preenchida por um sentimento de tremendo medo. Mas esse sentimento de medo logo foi substituído por excitação”, conta Siobhan em um texto para o portal iNews, em que relata sobre sua experiência como nômade.

Siobhan explica que passou anos trabalhando como apresentadora, produtora e repórter na BBC e, ao completar 60 anos, decidiu largar o trabalho para viver uma aventura, mesmo sem ter planos de para onde ir ou o que fazer. A jornalista conta que doou muito de seus pertences, mas alguns queridinhos, como uma cadeira e um quadro, estão sendo cuidados por amigos e familiares de confiança.

O desejo de sair viajando por aí surgiu depois que a filha da jornalista foi para a universidad. Ela tinha acabado de completar 50 anos e decidiu tirar um ano sabático, em que realizou um mochilão pelo mundo. “Durante aquele ano eu me senti tão feliz. Eu saí com pessoas de todas as idades e me senti sem idade definida. Eu percebi que não precisava de muito para me sentir contente”, afirma.

Ao mesmo tempo, Siobhan começou a ficar cada vez mais desiludidade com o status social e a vida que levava. “Muitos de nós estamos trabalhando longas horas para ganhar dinheiro e comprar coisas que não queremos, e essas longas horas deixam pouco tempo de qualidade com amigos e família. Parecia para mim que estávamos entendendo tudo errado”, relata.

Depois de retornar do mochilão, a jornalista entrou no período de menopausa e se sentiu frustrada com a vida que estava levando. Ela afirma ainda que estava sofrendo ataques e sendo marginalizada por conta da sua idade. Além disso, durante este período ela perdeu uma irmã para o câncer de pulmão.

“Foi quando eu vi que estava me escondendo no banheiro da empresa para chorar que percebi que estava quebrada e não poderia mais tolerar essa situação. Eu precisava de um plano de escape. Então, decidi embarcar em uma aventura de motorhome viajando pelo Reino Unido para ter uma sensação melhor diante do meu envelhecimento”, conta Shiobhan sobre as motivações que foram determinantes para que ela largasse tudo.

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“Eu queria desafiar os estereótipos do que a sociedade pensa que não se pode fazer após a aposentadoria, assim como mostrar que não é preciso ter todas aquelas coisas para ser feliz”, continua.

Em 2019, ela saiu dirigindo em um Auto-Trail Tribute que contava com banheiro, chuveiro, cozinha e um mini bar para colocar gin, que acende ao abrir. “O nome da minha nova casa é Dora, a Aventureira”, conta Siobhan.

A jornalista se rendeu à estrada e decidiu começar por Yorkshire, onde ela nasceu. “Na minha primeira manhã, quando acordei para ver o nascer do sol, eu sabia que tinha feito a coisa certa”.

A situação ficou desesperadora em 2020, quando precisou passar parte de seu tempo completamente sozinha por conta da pandemia. Quando as medidas de restrição foram adotadas, ela estava em um terreno em Norfolk, onde passou cinco meses isolada. A sorte dela é que os donos do local a deixaram ficar lá e faziam as compras para ela, que transferia o dinheiro pela internet.

Siobhan ficou ainda mais devastada quando precisou cancelar os planos de ver a filha no Natal de 2020, já que outras medidas de lockdown foram adotadas. “Passei aquele Natal sozinha, mas determinada a tentar desfrutar dele. Cozinhei uma ceia para mim, liguei por vídeo para minha filha e meus amigos e abri presenets que foram enviados a mim”, conta.

Quando o lockdown acabou, ela foi ver a filha e, logo depois, sumiu de novo em meio a estrada. “Eu gosto da minha própria companhia, então não me sinto sozinha. Estar só me fez desacelerar e apreciar as pequenas coisas da vida, como o som dos pássaros e a forma das nuvens enquanto o sol se põe”.

Por não conseguir ver sua vida a longo prazo, Siobhan diz que não sabe se um dia vai voltar a morar em uma casa ou apartamento, apesar dos dois anos e meio na estrada. De sua vida anterior, ela só sente falta de passar várias horas em uma banheira com água quente, o que faz quando visita a filha.

Mais do que sua própria jornada pessoal, Siobhan conta que quer mostrar a mulheres de todas as idades que envelhecer não precisa ser amedrontador. “Precisei esperar até meus 60 anos para me tornar a mulher que sempre quis ser. Agora, digo não ao que não quero e sim ao que quero. Agora sei que tenho uma vez e que não sou invisível”, diz.

Fonte: TURISMO.IG.COM.BR