Vitor ViannaLondres
Quando se fala em viajar para a Europa, a primeira imagem que vem à mente de muitos brasileiros é a oportunidade de “aproveitar” e conhecer o maior número de países em pouco tempo. Afinal, em dez dias seria possível encaixar Paris, Roma, Londres, Amsterdã, Barcelona e ainda mais alguns destinos, certo? Errado. Essa é justamente a armadilha que transforma o sonho europeu em uma experiência cansativa e muitas vezes frustrante.
Esse tipo de roteiro acaba sendo movido pelo que chamo de “turismo do check-in”. O viajante vai a Paris, corre até a Torre Eiffel, tira a foto, posta no Instagram e já risca da lista. Depois, embarca rumo a Roma, passa pelo Coliseu, mais um clique, check. Em seguida, parte para Londres, Amsterdã, Barcelona… e a viagem vira uma maratona de deslocamentos, filas e aeroportos.
O problema é que nesse processo a experiência verdadeira da viagem se perde. O tempo que poderia ser usado para caminhar sem pressa por uma rua histórica, sentar em um café charmoso, conversar com moradores locais ou descobrir um restaurante escondido é consumido por conexões, check-ins de hotel, passagens em raio-x e deslocamentos intermináveis. No fim, o viajante conhece os destinos apenas pela tela do celular, mas não pela vivência real.
Claro, vivemos em um mundo acelerado e hiperconectado, em que a pressão por mostrar tudo em tempo real é enorme. As redes sociais criaram a sensação de que viajar é colecionar fotos icônicas, e não memórias. Mas a essência de uma viagem não está em provar para os outros que você esteve em determinado lugar, e sim em construir lembranças que ficarão para sempre com você (sensações, sabores, conversas e experiências que nenhuma postagem consegue transmitir).
Por isso, a recomendação é clara: menos é mais. Em uma viagem de dez dias, priorize um ou dois países. Explore algumas cidades em maior profundidade, aproveite para fazer pequenos bate-voltas a partir de uma base fixa. Essa escolha permite conhecer de verdade a cultura, provar a gastronomia local, criar conexão com as pessoas e ter uma experiência que vai muito além do registro fotográfico.
Viajar para a Europa não deveria ser sobre correr contra o tempo. Deveria ser sobre aprender a desacelerar, mergulhar em cada destino e permitir que ele faça parte da sua história. Afinal, no futuro, as memórias mais marcantes não estarão no feed do Instagram, mas na sua vida…
Fonte: TURISMO.IG.COM.BR