Com restrições a feiras e exposições, pandemia atinge em cheio as agroindústrias, que viveram momentos de glória no Cone Sul

Uma pequena indústria rural de Cerejeiras chegou a encerrar as atividades

A foto que ilustra esta reportagem mostra um momento feliz e animado. O agricultor Sérgio Yassuo apresentava seu produto, os queijos “Minas Padrão”, da Agroindústria Tomy, de Colorado do Oeste, num evento em Vilhena. O prefeito Eduardo Japonês (PV) chegou a passar pelo estande da agroindústria – momento em que tirou esta foto. Eram tempos felizes e motivadores para a agroindústrias do Cone Sul.

Nos últimos dois anos, porém, esta alegria se converteu em tristeza e o ânimo se tornou preocupação.

As agroindústrias da região Sul de Rondônia passam por momentos delicados por conta da pandemia do novo coronavírus. E, verdade seja dita, estas dificuldades não têm culpados.

O agricultor que aparece na foto, que também é presidente da Associação das Agroindústrias do Cone Sul, relatou ao FOLHA DO SUL ONLINE a situação do setor.

“As agroindústrias foram muito prejudicadas com a pandemia. Nós necessitamos de eventos para expor os nossos produtos, como as feiras e as exposições. Os eventos que aconteciam em Porto Velho, promovidos pelo Governo no Centro Administrativo, foram todos cancelados”, diz o agricultor, que é um profundo conhecedor do setor.

Além de não poder participar dos eventos, alguns nichos das agroindústrias estão sofrendo problemas adicionais. É o caso, por exemplo, das pequenas indústrias lácteas. “A pandemia diminuiu muito o consumo de produtos feitos a partir do leite, pois na crise o consumidor evita comprar um produto que ele considera supérfluo, como um queijo ou um iogurte”, disse Yassuo.

O fechamento de parte do comércio também causou pressão negativa sobre os produtos lácteos. Com lanchonetes fechadas, diminui o consumo de lanche a base de queijo.

Em Cerejeiras, onde há pelo menos cinco dessas pequenas indústrias rurais, algumas delas também amargaram prejuízos na pandemia.

Uma delas, de iogurte, teve problemas para comercializar o seu produto. Outra, uma pequena abatedora de frango, simplesmente encerrou suas atividades.

Além disso, o elevado custo da matéria-prima prejudicou algumas dessas agroindústrias. É o caso do milho, que saiu de um preço de R$ 28,00 antes da pandemia para os atuais R$ 80,00.

Quando olham para o horizonte, os pequenos empreendedores ouvidos pelo FOLHA DO SUL ONLINE (e que não quiseram registrar entrevista), recorreram a alternativas para sobreviver.

A agroindústria de frango em Cerejeiras, por exemplo, se encontrou em outro setor: horta. As hortaliças da antiga agroindústria são uma referência na região. A agroindústria do coloradense, para citar outro exemplo, recorreu a outros produtos, como o pescado.

Já outros esperam o fim deste momento restritivo para comercializar seus produtos. “Uma hora esta pandemia há de acabar”, disse um dos pequenos agroindustriais, sem querer ser identificado, mas exalando esperança.

Fonte: Folha do Sul