Entenda por que imagens ‘desconhecidas’ podem aparecer e sumir da galeria do WhatsApp

Meu celular foi infectado por um vírus e o antivírus AVG “versão gratuita” não detectou.

Descobri o vírus porque havia fotos na galeria do WhatsApp que não baixei. Essas fotos sumiram à noite, sem que eu fizesse nada. Alguns prints da minha conta bancária também sumiram.

Assim sendo, minha dúvida é a seguinte: os prints que estavam no celular foram infectados por esse vírus? Ou seja, se enviar esse print por e-mail a alguém, o celular dela também estará infectado?

Também baixei um PDF com o boleto da minha universidade pelo celular infectado e enviei, por Bluetooth, para o meu laptop para imprimir. Meu laptop também estaria infectado?

Uso a versão paga do Sophos no meu laptop e não detectou nenhum vírus. Mas fico preocupada, porque no celular tinha vírus e não foi detectado pelo AVG ou Kaspersky. – Solange

Antes de responder à sua dúvida, Solange, é importante esclarecer alguns pontos sobre esse comportamento “anormal” que você percebeu – das imagens na galeria do WhatsApp.

A galeria do WhatsApp mostra todas as imagens recebidas através do aplicativo. Se você está em muitos grupos, é normal que apareçam imagens de conversas que você ainda não tenha visto e, portanto, não vai reconhecer.

As imagens também podem sumir da galeria do WhatsApp caso pessoa que enviou aquela mensagem decida apagá-la para os destinatários.

Ou seja, existe uma explicação perfeitamente normal e inofensiva para essa parte da sua pergunta.

Quanto aos prints que sumiram, isso merece um pouco mais de atenção. Contudo, não é provável que um vírus ou até um programa espião tentaria apagar suas imagens. Afinal, isso levantaria suspeitas (como aconteceu com você).

Por regra, um vírus faz de tudo para não chamar sua atenção – pelo menos até o momento final do ataque.

Sendo assim, é possível que também haja uma explicação inofensiva para esses “prints” terem sumido, e que os antivírus estão corretos em não detectar nenhum programa malicioso em seu celular.

Talvez você tenha utilizado algum aplicativo que “limpa” a memória para economizar esse espaço e esses arquivos tenham sido eliminados durante esse processo.

O próprio Google Fotos pode eliminar arquivos do seu celular. Após realizar o backup online, as imagens serão removidas quando você utilizar a opção “Liberar espaço”. Nesse caso, você ainda poderá localizar os prints na sua conta do Google Fotos.

Tela de remoção de mensagens no Telegram e no WhatsApp oferecem recurso para apagar recados do telefone do destinatário. — Foto: Reprodução

Tela de remoção de mensagens no Telegram e no WhatsApp oferecem recurso para apagar recados do telefone do destinatário. — Foto: Reprodução

Agora, vamos à sua pergunta: se houvesse de fato um vírus, esses “prints” e documentos PDF estariam “contaminados”?

Felizmente, não.

Arquivos de texto, imagens, vídeos e música são “dados”. Vírus, por sua vez, são “programas”.

Sendo assim, não é possível simplesmente “contaminar” uma imagem – ela teria que ser adulterada de maneira a explorar uma vulnerabilidade no dispositivo em que ela será aberta.

Dito de outra forma, é uma vulnerabilidade que “transforma” dados em programas.

Em muitos casos, essas vulnerabilidades são complexas – não é fácil criar um arquivo que as explore de forma consistente. Você corre o risco de corromper a imagem.

As atualizações que você instala em seus aplicativos e no sistema também imunizam seu computador e seu celular, de modo que os ataques já conhecidos não tenham efeito.

Quando essas falhas são usadas em ataques, o mais comum é que o invasor envie diretamente um arquivo adulterado para esse fim – não é o vírus que modifica os arquivos para contaminar outros dispositivos.

Se você quiser saber mais, o blog já explicou por que esse cenário de contaminação – compartilhamento de arquivos – é improvável.

https://28fee509956215b3eb0385aa7d9829a1.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

No caso de haver um vírus que modifica boletos bancários, o boleto poderia ser adulterado para mudar o beneficiário (código de barras e linha digitável). Dessa forma, o boleto ainda seria considerado malicioso, embora não contenha “vírus”.

O blog também já explicou como você pode diferenciar boletos verdadeiros e falsos. Se você tem dúvidas a esse respeito, vale conferir para não acabar pagando um documento falso.

Além disso, se você desconfia que o seu celular foi contaminado por vírus, a principal dica é restaurar o aparelho para o estado de fábrica, limpando todos os dados e aplicativos.

Se você tem forte suspeita de uma contaminação por vírus, a redefinição do smartphone para o estado de fábrica normalmente conserta o problema. — Foto: Reprodução

Se você tem forte suspeita de uma contaminação por vírus, a redefinição do smartphone para o estado de fábrica normalmente conserta o problema. — Foto: Reprodução

Porém, vírus em celular são muito mais raros do que no computador, e a maioria deles apenas realiza fraudes publicitárias, atrapalhando você com janelas de propagandas indesejadas e indevidas.

É claro que outros vírus também existem, mas lembre-se dessa probabilidade baixa quando você suspeitar de alguma coisa estranha no seu celular.

A não ser que seja algo diretamente ligado a aplicativos (um aplicativo desconhecido na lista de administradores de sistema, por exemplo), tente verificar se existe outra explicação para o que está ocorrendo – especialmente se os antivírus não acusarem nada.

Caso a suspeita persista e você prefira prosseguir com a limpeza de dados, lembre-se de realizar um backup do que é importante (inclusive suas fotos), pois tudo será apagado do celular.

Fonte: G1