Projeto de lei “mais progressista” das últimas décadas vira lei nos EUA

A Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi (D CA), fala dentro da Câmara da Câmara enquanto os deputados votam na lei final revisada do plano de ajuda Covid 19 de US$ 1,9 trilhão, no Capitólio dos EUA em 10 de março de 2021 em Washington, DC.A Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi (D-CA), fala dentro da Câmara da Câmara enquanto os deputados votam na lei final revisada do plano de ajuda Covid-19 de US$ 1,9 trilhão, no Capitólio dos EUA em 10 de março de 2021 em Washington, DC.| Foto: OLIVIER DOULIERY / AFPOuça este conteúdo

O pacote de resgate econômico de US$ 1,9 trilhão que acabou de ser aprovado nos Estados Unidos é “uma das leis mais progressistas da história americana”, segundo a Casa Branca. O aumento do salário mínimo, uma das promessas democratas mais importantes na área econômica, ficou para trás, mas a nova lei, aprovada nesta quarta-feira pela Câmara dos Deputados, ainda inclui pautas da agenda do Partido Democrata, como questões referentes a seguros de saúde, educação e pensões – além do objeto principal da proposta: prover recursos para o combate à Covid-19 e dar fôlego à economia.

Desde que o “Plano de Resgate Americano” foi apresentado no Congresso no mês passado, os republicanos o caracterizaram como uma “lista de desejos democrata”, posicionando-se contra sua aprovação e dizendo que pouco dos gastos previstos têm relação direta com o combate à pandemia.

Não houve jeito de achar um meio-termo e as negociações bilaterais fracassaram. Os democratas conseguiram, por meio de uma manobra legislativa – a mesma usada pelos republicanos para aprovar um corte  massivo de impostos em 2017 cujo impacto também foi de US$ 1,9 trilhão – aprovar a proposta no Senado com maioria simples. Como controlam também a Câmara dos Deputados e a aprovação já era dada como certa, os democratas resolveram abraçar e divulgar as pautas progressistas contidas no projeto.

O senador Bernie Sanders disse nesta terça-feira que “esta é a legislação mais significativa para os trabalhadores que foi aprovada em décadas”. Ele cita o auxílio emergencial de US$ 1.400 por pessoa para os que ganham até US$ 75 mil por ano, aumento do auxílio-desemprego até setembro e outros benefícios para cidadãos com renda média e baixa para explicar por que acredita que a lei é necessária. Sanders também afirma que a proposta tem potencial de reduzir a pobreza entre crianças – um estudo do Centro de Política Social e Pobreza da Universidade de Columbia prevê uma redução de 7,8 pontos percentuais no índice de pobreza entre menores de 18 anos em 2021, em relação ao índice atual (13,5%), se a proposta democrata for aprovada.

Os republicanos, por sua vez, alertam que os gastos elevados podem levar a um aumento da inflação e criticam o fato de que apenas 9% dos US$ 1,9 trilhão estão relacionados diretamente à pandemia. Um levantamento do Politifact, um site de checagem de fatos, mostra que os gastos diretos de saúde relacionados à Covid-19 representam cerca de 8,5%, ou US$ 160 bilhões, do valor total da lei.

Os maiores gastos são destinados ao auxílio emergencial (US$ 422 bilhões), aumento do auxílio-desemprego (US$ 242 bilhões) e ajuda a estados e municípios (US$ 350 bilhões). Aliás, este último ponto é bastante criticado pelos republicanos, que o consideram uma compensação injusta a estados democratas que promoveram políticas de bloqueio durante a pandemia – sem apresentar índices menores de infecção do que estados republicanos que adotaram políticas sanitárias mais frouxas – e agora precisam de ajuda do governo federal para colocar seus orçamentos em dia.

Vitória da agenda progressista

Os democratas também incluíram na proposta uma expansão temporária do Obamacare, a maior desde 2010, aumentando por dois anos os subsídios federais e permitindo que mais pessoas possam aderir aos planos de saúde incluídos no programa. Eles defendem que essa alteração beneficiará famílias de baixa e média renda, diminuindo o valor que elas pagam em seguro saúde. Já os republicanos se opõem por acreditar que o governo vai gastar bilhões para ajudar um número pequeno de pessoas que não precisam.

“Este sonho liberal é uma doação de bilhões de dólares para as seguradoras de saúde e incentiva mais empregadores a abandonar completamente seus planos de saúde vinculados ao emprego”, disse o senador republicano Steve Daines.

Outra provisão da lei que divide opiniões é um pacote de auxílio de US$ 86 bilhões para evitar o colapso de 185 planos de previdência social sindicais que atendem a milhões de aposentados. Este é um problema que vem de antes da pandemia, resultado da perda de força dos sindicatos, falências em série e má administração.

Há ainda, outras propostas progressistas que chamam menos atenção pelo impacto financeiro menor, mas que também são criticadas pela oposição. Um exemplo é a destinação de um bilhão de dólares para programas de justiça racial para fazendeiros “socialmente desfavorecidos”.

O “Plano de Resgate Americano” já passou pelas duas casas do legislativo e agora deve ser enviado para sanção do presidente, marcando assim a primeira grande vitória da agenda progressista no governo de Joe Biden.

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Fonte: GAZETADOPOVO.COM.BR