Na Tribuna da Câmara de Vereadores, presidente de entidade que reúne amigos de autistas denuncia falta de diagnóstico precoce

Na Tribuna da Câmara de Vereadores, presidente de entidade que reúne amigos de autistas denuncia falta de diagnóstico precoce   Folha do Sul Online

 
“A fila no CER demora até um ano para que as crianças tenham dez sessões de terapia”
 
O dia 02 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi definida pela ONU (Organização das Nações Unidas), no fim de 2007. Nesta data, cartões-postais de todo o mundo são iluminados de azul como forma de chamar a atenção da mídia e da sociedade para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
 
Em Vilhena, pais e mães de crianças com autismo se uniram em uma associação para lutar por ações do poder público e sociedade que assegure à pessoa com o TEA, dentre outras coisas, a inclusão que venha a lhes proporcionar um desenvolvimento que lhes garanta uma vida digna. 
 
A convite do vereador Samir Ali (Podemos), a presidente da Amavi – Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Vilhena, Karina Andrade, falou sobre o tema na abertura da sessão legislativa da Câmara Municipal de Vilhena desta terça-feira, 20. 
 
Segundo Karina Andrade, o 02 de abril é uma data para reflexão. Ela lembrou que em anos anteriores, ao longo de todo o mês de abril, diversas atividades, como passeatas e caminhadas, voltadas à reflexão e à conscientização sobre o autismo foram realizadas. Mas, por causa da pandemia, este ano atividades similares não puderam ser feitas. No entanto, em diversas cidades Brasil e mundo afora, aconteceram outras atividades de maneira não presencial, como lives e capacitação com pais. “Mas, infelizmente aqui em Vilhena não temos esse movimento. Sequer um monumento ou prédio público foi iluminado com uma luz azul”, lamentou.
 
Karina Andrade afirmou que em alguns pontos houve avanço, como na educação. Mas, em outros pontos ainda há muito a melhorar. Segundo ela, um dos principais problemas está na dificuldade do diagnóstico precoce. Andrade afirmou que a descoberta ocorre, geralmente, na escola. “Não temos um diagnóstico precoce, que é importantíssimo para o autismo. Não temos um neuropediatra na nossa cidade para dar esse diagnóstico. Não temos pediatras aplicando protocolos de avaliação, embora exista uma lei federal que diz que pediatra do SUS tem que aplicar esse protocolo”, afirmou antes de concluir: “Nós já temos a direção, só falta agora capacitar as pessoas para que isso seja feito, e assim eles possam alcançar uma vida digna, com independência, com uma atuação na sociedade”.
 
Outro obstáculo apontado por Karina Andrade diz respeito a dificuldade de se conseguir as terapias. “A fila no CER demora até um ano para que as crianças tenham dez sessões de terapia, quando na verdade o tratamento delas deveria ser contínuo, todos os dias”, disse Andrade.
 
Por fim, Karina Andrade, que preside uma associação que conta com cerca de 100 famílias, revelou: “Os dados apontam uma criança autista para cada 54 nascidas. É um número alto. Toda sala de aula vai ter uma autista. Essas equipes precisam estar preparadas; tanto da educação, quanto da saúde. E a sociedade em geral. É uma realidade”.
 
 

Fonte: FOLHADOSULONLINE.COM.BR