Cientistas usam ultrassom para imprimir em 3D dentro do corpo humano

Cientistas usam ultrassom para imprimir em 3D dentro do corpo humano

Augusto Dala Costa Cientistas usam ultrassom para imprimir em 3D dentro do corpo humano

Uma inovadora técnica vai permitir que médicos façam impressões 3D com ondas de ultrassom dentro do corpo humano, criando partes de órgãos e estruturas e administrando remédios de maneira não-invasiva. Mais eficiente do que o método anterior, que envolvia luz, a nova tecnologia usa tintas injetadas sensíveis ao som e é chamada de Impressão Acústica Volumétrica de Penetração Profunda (DVAP, na sigla em inglês).

As ondas de ultrassom penetram mais de 100 vezes mais fundo nos tecidos do corpo humano, conseguindo, ainda, manter a precisão espacial. Isso é graças ao efeito sonotermal, quando ondas sonoras são absorvidas e aumentam a temperatura. Isso solidifica a tinta inserida no paciente e cria as estruturas necessárias para fazer a impressão 3D.

Como imprimir com ultrassom

A base da técnica é um tipo especial de tinta chamada sonotinta, composta de hidrogéis, micropartículas e moléculas reativas a ondas de ultrassom . O líquido viscoso é injetado em alvos no corpo facilmente, e, através de uma sonda de impressão ultrassom, as ondas são projetadas na tinta, fazendo com que suas partículas se unam e se solidifiquem em estruturas intrincadas, indo de andaimes que imitam osso a bolhas de hidrogel usadas para o encaixe de órgãos .


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Após o procedimento, o restante da tinta pode ser removido com uma seringa. A substância é versátil, e sua fórmula pode ser modificada para ter mais ou menos durabilidade, capacidade de degradação e até mesmo cores diferentes. A demonstração do potencial da tecnologia DVAP foi feita através de três testes diferentes.

No primeiro teste, a sonotinta foi usada para selar uma seção do coração de uma cabra, o que normalmente requer uma cirurgia de peito aberto. Penetrando por 12 mm de tecido, o procedimento colou a tinta ao tecido cardíaco sem causar danos, e o material flexível aguentou os batimentos do animal com sucesso.

No segundo teste, foram demonstradas as capacidades de reconstrução e regeneração ao injetar a substância em uma perna de galinha defeituosa, se ligando ao osso através de 10 mm de pele e músculo sem danificar os tecidos no entorno. No último teste, foi injetado um medicamento quimioterápico comum ao fígado, onde os hidrogéis solidificados liberaram a droga lentamente.

Embora esteja longe de chegar aos hospitais, a técnica promete grande potencial em cirurgias e terapias que, normalmente, seriam bastante invasivas e disruptivas no corpo humano.

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Fonte: TECNOLOGIA.IG.COM.BR