Palácio PiratiniCorrida de cavalos
O feriado da Revolução Farroupilha, celebrado em 20 de setembro, ganha força simbólica também por meio da música e da tradição oral. A lenda do Negrinho do Pastoreio, de origem africana e cristã, tornou-se um dos pilares do folclore gaúcho e inspirou a composição homônima de Luiz Carlos Barbosa Lessa, de 1957.
A canção é considerada como uma das obras mais representativas da cultura gaúcha. Para muitos, acender uma vela para o personagem da lenda é uma forma de encontrar não apenas objetos perdidos, mas também a memória afetiva ligada ao campo e às raízes.
A ligação com a Revolução Farroupilha se dá justamente na simbologia: assim como os farrapos, que resistiram em busca de autonomia, o Negrinho tornou-se ícone de perseverança diante da injustiça.
A lenda
A lenda conta a vida de um menino escravizado castigado por um fazendeiro após perder cavalos sob sua responsabilidade. Em uma das versões, o jovem é jogado em um formigueiro, mas aparece ileso no dia seguinte, montado no animal perdido, ao lado da Virgem Maria.
Outra narrativa relata que o Negrinho teria recebido a missão de pastorear trinta cavalos. Depois de perder a tropa, pediu ajuda a Nossa Senhora, acendeu uma vela e reencontrou os animais. Por esse motivo, é considerado santo das causas perdidas e, segundo a tradição, pode ajudar quem busca algo desaparecido.
A devoção popular transformou a lenda em parte da identidade cultural do Rio Grande do Sul. O personagem aparece em músicas, pinturas, poemas e celebrações ligadas ao movimento tradicionalista, como uma lembrança da herança afro-brasileira no estado.
A história também está presente em murais pintados em Porto Alegre entre 1951 e 1955, que retratam episódios da lenda, como a tortura no formigueiro, a corrida de cavalos e a aparição da Virgem Maria. Essas obras são consideradas patrimônio artístico.
A composição já foi regravada por artistas como Joca Martins , Kleiton & Kledir , Luiz Carlos Borges , Inezita Barroso , Mônica Salmaso , Lucio Yanel e José Cláudio Machado . Entre os intérpretes mais marcantes está Daniel Torres , que incluiu a música no disco Daniel Torres Canta o Rio Grande , de 2001. O álbum reúne clássicos e presta homenagem à Barbosa Lessa ao inserir a canção como parte essencial do folclore gaúcho.
Fonte: TURISMO.IG.COM.BR