Leonardo Padura alerta para problema da perda de capital humano em Cuba

Leonardo Padura alerta para problema da perda de capital humano em Cuba

“Não há outra visão, senão uma visão pessimista” em relação a Cuba, afirmou o escritor, que participava no Folio, em Óbidos, dando como exemplo a elevada emigração que está a gerar no país “uma perda de capital humano” que vê como “um problema grave que não tem qualquer esperança de solução, pelo menos num futuro próximo”.

Orador numa mesa de autores do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, Leonardo Padura referiu-se a esta questão como ilustrativa da “Cuba contemporânea”, quantificando que, em 2022, “240 mil pessoas atravessaram a fronteira para entre o México e os Estado Unidos e destes a grande maioria eram jovens, incluindo crianças”.

Estes cubanos “saem de Havana para a Nicarágua, porque a Nicarágua não pede vistos, e ali iniciam a ‘rota dos coiotes’, através da América Central e do México até chegarem à fronteira dos EUA”, explicou o autor, acrescentando que, tratando-se de uma viagem que custa 10.000 dólares, “só a fazem aqueles que a puderam pagar.

No país fica “uma geração de derrotados, não no sentido filosófico, mas no sentido prático da vida quotidiana de uma pessoa em Cuba”, afirmou, exemplificando com o caso de um reformado que, ao fim de 40 anos de trabalho, recebe “uma pensão suficiente para viver uma semana”.

A reforma deste homem “é de 3.000 pesos cubanos”, ou seja, “o valor atual de uma embalagem de 30 ovos no mercado negro”, disse, para ilustrar “o que significa a derrota em termos da dignidade das pessoas”.

Temas que o escritor aborda no seu último romance, intitulado “Pessoas decentes”, demonstrando que a essência do país “permanece a mesma”, apesar das mudanças de políticas das últimas décadas.

“Num país em que todas as instituições produtoras de cultura pertencem ao Estado, e o Estado e o Governo são governados por um partido único, o partido comunista, o espaço de produção e difusão cultural é determinado pelas políticas oficiais e estas políticas mudaram a sua forma, mas não a sua essência” afirmou.

Segundo Padura, em Cuba “não se pode publicar um livro que não seja aprovado por um editor de uma editora oficial cubana” nem “apresentar no teatro uma peça que não tenha sido aprovada pelo administrador desse grupo de teatro”.

O “efeito mais nefasto desta situação é o facto de os criadores se censurarem para poderem publicar, divulgar e promover as suas obras, porque sabem que há certas regras do jogo que têm de cumprir para terem essa possibilidade”, acrescentou o escritor que, apesar de viver em Cuba, edita os seus livros em Espanha.

E isso, concluiu: “deu-me um enorme espaço de liberdade para poder escrever e dizer o que preciso e quero dizer”.

A oitava edição o Folio termina hoje, depois de 11 dias de programação envolvendo um total de 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia e 14 mesas de autores.

Leia Também: Cuba e Venezuela? “Sanções e bloqueios [dos EUA] não podem ser mantidos”

PUB

Seguro de vida: Transfira o seu seguro de vida e assegure-se da poupança

Toronto com um preço especial!

Lifestyle Viagens 18/10/23

A maior cidade do Canadá está a sua espera.

patrocinado por Betclic

Para ver… e apostar. Os jogos que vão marcar a semana

patrocinado por Sage

'Dê asas ao seu negócio!' Com as soluções da Sage, a sua empresa crescerá

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Sétimo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Recomendados para si

Fonte: NOTICIASAOMINUTO.COM