Quem é Capitão Guimarães, bicheiro preso pela PF nesta sexta-feira

Quem é Capitão Guimarães, bicheiro preso pela PF nesta sexta feira

Divulgação Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães

Foi preso nesta sexta-feira (1º), o bicheiro Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães. A prisão foi realizada pela Polícia Federal, em conjunto com Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele é considero um dos principais contraventores do Rio de Janeiro e, segundo a PF, chefiava uma organização criminosa voltada à prática de homicídios, corrupção passiva e porte ilegal de arma de fogo.

Aílton Guimarães Jorge é ex-militar e possui um longo histórico de acusações criminais, prisões e manobras judiciais para escapar das prisões. Ele serviu ao Destacamento de Operações de Informações (DOI), no Rio de Janeiro, no período em que esteve no Exército. O DOI foi um dos principais meios de repressão política no período do regime militar.

Capitão Guimarães já demostrava desvios desde a metade dos anos de 1970. Na época, ele chegou a usar o poder amealhado como forma de repressão. Assim, ele extorquia os contrabandistas na Zona Portuária do Rio. 

Ele ingressou na repressão política quando ainda era tenente, nos anos 1960 — era oficial da Inteligência. Neste período, foi convocado com intuito de perseguir sindicalistas, principalmente os ferroviários na Baixada Fluminense. Na época, convocou integrantes das polícias Civil e Militar para auxiliar na perseguição, localização e desbaratamento dos supostos aparelhos subversivos. Eles eram apontados como os responsáveis pelo descarrilhamento recorrente dos trens.

Após ser transferido para o DOI, Guimarães e alguns dos subordinados foram cooptados por uma quadrilha que praticava extorsão contra contrabandistas. Basicamente, eles apreendiam mercadorias irregulares — variava entre uísque, calças jeans, perfumes e outros produtos importados ilegalmente — e depois revendiam para os próprios donos ou para os concorrentes.

Entretanto, uma dupla de PMs acabou flagrando as ações de Guimarães e os seus comparsas. Eles foram denunciados e levados para a cadeia. O caso foi arquivado logo depois, por conta de abusos praticados pelos investigadores.

Após ser livre, Guimarães foi transferido para uma unidade burocrática. Lá, ele foi pressionado para pedir demissão do Exército, que aconteceu em 1981. Na época, o então capitão já havia conseguido angariar a simpatia do bicheiro Ângelo Maria Longas, o Tio Patinhas, pessoa que foi vizinha cela de Guimarães. O Tio Patinhas era considerado um dos maus poderosos bicheiros da época, e deu ao Capitão uma possibilidade de assumir um pequeno bicheiro inadimplente.

Guimarães ascendeu na cúpula do jogo do bicho. Anos depois, se tornou um dos primeiros presidentes da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesa). Com a experiência que teve no Exército, ajudou a cúpula a organizar a divisão territorial do Rio de Janeiro, além de ensinar como fazer as extrações. Ele tinha uma parcela do jogo em Niterói, mas também expandiu os negócios para o Espírito Santo.

Ele foi presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Com isso, ele removeu de lá para o Salgueiro, o bicheiro Miro Garcia e sua família.

Nos últimos 50 anos, diversos processos criminais foram abertos contra Capitão Guimarães. Deles, em duas ele foi sentenciado: em 1993, quando a juíza Denise Frossard o condenou por formação de quadrilha e bando armado; e em 2007, quando a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho o por corrupção de agente público na Operação Furacão. Em ambos os casos, ele não cumpriu o total da pena. Guimarães fez manobras jurídicas para que evitasse o trânsito em julgado dos processos, e, consequentemente, as penas não fossem executadas. 

Mas, em dezembro de 2022, o bicheiro teve a prisão domiciliar decretada pela 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Ele é suspeito de ser o mandante de um assassinato, que aconteceu em julho de 2020, no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana.

Os agentes foram à casa de Guimarães, em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói. Lá, encontraram um kit que transforma uma pistola em uma arma longa, munição e carregadores. Além do kit, foram apreendidos carros de luxo. Ele foi autuado em flagrante por porte de munição e acessório de uso restrito. Na audiência de custódia, foi decretado que ele poderia ficar à disposição da Justiça, porém de forma domiciliar.

Entretanto, nesta sexta-feira, cerca de 100 agentes federais participaram da operação Mahya, que cumpre 13 mandados de prisão preventiva e 19 de busca e apreensão. A operação é um desdobramento da operação Sicários, que foi deflagrada em dezembro de 2022. Ela tinha como alvo três núcleos criminosos que respondiam ao Capitão Guimarães, e que controlavam um monopólio de jogos de azar e exploração de bingos clandestinos. A atuação do grupo estava concentrada na Ilha do Governador, Niterói, São Gonçalo e no Espírito Santo.

Fonte: ULTIMOSEGUNDO.IG.COM.BR