Guia de Raças: as principais características do Whippet

Guia de Raças: as principais características do Whippet

Alina Skazka/Pexels Cães da raça Whippets

Historiadores apontam que a raça canina Whippet tenha surgido ao final do século 18, na Inglaterra, sendo uma mistura entre o Galgo Inglês e cães do tipo Terriers que viviam nos campos ao norte do país.

Atualmente vista como “cão de corrida”, a raça criada por camponeses era, na verdade, usada para a caça de coelhos e outros pequenos animais. Devido à alta velocidade, passou a participar também de competições de corrida — havendo, inclusive, polêmicas envolvendo maus-tratos de animais usados nessas competições.

O reconhecimento oficial da raça, por meio do American Kennel Club, aconteceu em 1888. Desde então, o padrão da raça foi bastante modificado, devido ao cruzamento com o Galgo Italiano.

Características físicas

Gentil, afetuoso, obediente e boa companhia, o Whippet é um corredor por natureza e o mais rápido entre os cães domesticáveis de seu porte, podendo atingir a velocidade de 65 km/h.

Cuidados básicos

Precisa de longos exercícios diários. Não se deve esquecer que é um cão de corrida. A raça não gosta de frio e em baixas temperaturas é aconselhável o uso de roupa. Solta pouco pelo e praticamente não possui o odor típico dos cães. A pelagem deve ser escovada uma vez por semana e para manter o pelo brilhante é recomendado usar uma flanela úmida para limpar.

O Whippet possui uma pele fina, o que o torna propenso a arranhões e feridas. Tome cuidado com o local onde brinca com seu cão para que ele não se machuque e, nos dias frios, vista-o com roupinhas adequadas, e escolha um lugar quente dentro de casa para que durma protegido. A baixa porcentagem de gordura faz com que os Whippet tenham baixa tolerância aos dias mais gelados.

Caminhadas na coleira são ideais, mas nunca deixe seu Whippet correr solto, pois ele vai fugir. Um espaço cercado é ideal para que possam se movimentar e exercitar, mas a cerca deve ser bem enterrada para evitar fugas. Cercas eletrônicas não funcionam, tamanha sua motivação em perseguir qualquer coisa em movimento.

A socialização e treinamento devem começar cedo, pois eles podem se tornar tímidos e estranhar outros animais pequenos. Esse é um cão para viver dentro de casa, pois é muito sensível para o lado externo.

A pelagem fina exige poucos cuidados, apenas uma escovação semanal e com cuidado para não machucar a pele.

Shutterstock O rabo entre as pernas é uma característica comum da raça

Lucas Leite é titular do canil Sevla’s Salt, especializado na criação de cães da raça Whippet. Ao Canal do Petele explica sobre o processo de seleção para garantir cães mais saudáveis e o chamado melhoramento genético da raça.

“Toda pessoa que se dispõe a criar cães de forma ética, deve ter como objetivo o melhoramento genético, e isso só é possível tendo como uma conduta pré-reprodutiva, uma rígida seleção dos exemplares”, afirma.

Para selecionar os cães que serão reprodutores e matrizes, Lucas diz que são usados três pilares fundamentais: saúde, temperamento e conformação.

“Na raça Whippet os pontos sensíveis são os olhos e o coração, e por isso é de extrema importância somente utilizar na reprodução os indivíduos que sejam livres de patologias”, afirma.

“Já em relação ao temperamento e conformação, é importante que os exemplares participem de exposições cinófilas para serem avaliados por juízes, nacionais e internacionais, que irão atestar a conformidade do indivíduo com o padrão estabelecido pelo país de origem (Grã- Bretanha).”

Nas exposições cinófilas são levadas em consideração as similaridades dos indivíduos com o padrão oficial escrito. Para isso, é feito todo um preparo dos animais.

“É importante uma ração balanceada, um bom condicionamento físico, uma boa sintonia entre o cão  e seu handler [apresentador]. O juiz avalia sua dentição, movimentação e estrutura, então mais importante que a preparação é que o cão esteja em conformidade com as características de seu padrão racial, que são altura, peso, formato de orelhas, arqueamento sobre o lombo, profundidade de peito, formato da cauda, entre outros”, destaca o especialista.

Quantas gestações tem uma cadela da raça?

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O desejável, segundo Luca, é que uma cadela tenha, em média, até três ninhadas durante sua vida reprodutiva, no entanto “deve-se avaliar a sua habilidade materna e sua recuperação física pós-parto, tendo o auxílio do médico-veterinário responsável.”

“Algumas fêmeas da Raça Whippet costumam ter cios irregulares, por vezes entrando no período fértil somente uma vez ao ano, por isso o intervalo entre ninhadas deve ser avaliado junto ao veterinário. Considero o intervalo benéfico e desejado”, afirma Lucas.

O número de filhotes também pode variar de caso para caso, sendo a média de cinco filhotes por ninhada. “Embora já tenhamos casos em que nasceu apenas um filhote, e outro de uma ninhada numerosa, em que nasceram 11 filhotes”, ressalta.

Temperamento da raça

Cada animal é um individuo único e influenciado por seu meio de convivência, porém, é comum que tutores busquem um animal de uma determinada raça devido ao seu histórico.

Para Lucas, não há dúvidas que o temperamento de um cão está associado à genética e, por isso, o esperado é que a maioria dos cães da raça Whippet sejam gentis, afetuosos, equilibrados e adaptáveis a ambientes domésticos e esportivos.

“É claro que a forma como é feito seu processo de socialização, e a forma como o tutor irá o criar e educar, terá impacto direto no resultado”, diz Lucas. “Portanto, para se ter um Whippet que corresponda às expectativas é necessário que venha de uma boa linhagem, que tenha, enquanto filhote, um correto processo de socialização e que o tutor o eduque da forma correta, sempre visando o reforço positivo.”

Para quem a raça é indicada, e para quem não é

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Como cães afetuosos e amáveis, os Whippets são pets indicados para famílias grandes e que gostem de passar um tempo juntas, em casa ou em passeios ao ar livre.

“Whippets adoram crianças, se dão bem com idosos, são sociáveis com outros animais, e acabam por se adaptar muito bem a convivência dentro de casa ou em apartamentos, desde que tenham as suas necessidades com gastos de energia satisfeitas, com pelo menos dois passeios diários”, explica o criador, acrescentando que “eles são a companhia perfeita para corridas e caminhadas”.

Mesmo que os filhotes adorem passar um tempo relaxando no sofá, eles costumam ter um nível de energia maior, por isso podem aprontar algumas “traquinagens” nessa fase. “Sobretudo se estiverem entediados. Sendo importante que os tutores estejam dispostos a passar por esse período”, alerta Lucas.

O especialista ainda ressalta que um Whippet não é recomendado como pet para pessoas que passem a maior parte do dia ausentes. “Esses cães são muito apegados aos tutores, podendo inclusive desenvolver ansiedade por separação .”

Propensão a doenças genéticas

Os Whippets são cães geralmente saudáveis, mas, assim como toda raça, têm questões ligadas à sua genética, como reforça o especialista na raça: “seus olhos e seu coração merecem atenção”.

“Para isso é importante que na criação se realize, sempre que possível, os exames de fundoscopia, de modo a atestar se o animal não possui sinais clínicos de glaucoma, catarata, ou atrofia progressiva de retina. Além disso, também é desejável a realização de ausculta cardíaca, eletrocardiograma e ecocardiograma de modo a verificar se o coração está livre de patologias”, afirma.

Para a reprodução dos cães, são usados somente os exemplares que não apresentarem nenhuma alteração nos referidos exames, diz Lucas.

A convivência com os Whippets

Rafael Carneiro é tutor da Branca, de 12 anos, da Martinica, de 1 ano e 5 meses, e da Angela, de 4 meses. Ele também se recorda com carinho de suas pets que já se foram, como Mel, Regininha e Narcisa.

Tutor experiente, Rafael diz ao Canal do Pet  que a raça é muito companheira e carinhosa, podendo até mesmo ser um pouco ciumenta com seus humanos.

“Embora todos imaginem que por serem consideradas ‘cães de corrida’ elas não parem quietas, na verdade, são bem tranquilas. Com exceção de quando essão filhotes. Nessa fase são muito brincalhonas e um pouco terríveis se não souber educar ou dar a atenção necessária”, diz o tutor.

“Depois, com o passar do tempo, elas ficam bem tranquilas. É uma raça que dorme bastante. Normalmente um passeio de uns 30 minutos ou dois mais curtos são o suficiente para ficarem bem tranquilas, dormindo em ‘seu’ sofá.”

Companheiros para todas as horas

Rafael vive em Buenos Aires na Argentina desde 2020 e conta que ao menos um dia do final de semana é reservado para que as pets brinquem de “buscar a bolinha no parque.”

“Elas param tudo por onde passam, chamam muita atenção pelo fato de lá não se encontrar Whippet. Em compensação tem muito ‘galgo espanhol’”, conta Rafael. “No Brasil sempre morei em apartamento, mas tenho uma casa de praia, ou seja, final de semana normalmente era com quintal e praia.”

“Atualmente fico metade do tempo em cada lugar, no momento estou em Búzios no Rio de Janeiro e adquiri mais duas magrelas. Como a mais nova não tomou a última vacina, a brincadeira delas é no gramado do quintal”, diz o tutor, que garante que, em breve a nova companheira canina irá conhecer a praia, antes que a família volte à capital argentina.

A convivência com outros animais de estimação

“Whippet convive com outros cães tranquilamente, mas confesso ter receio de uma das minhas [cadelas] com gatos”, confessa Rafael. “Whippet não é um cão de corrida e sim de caça, isso tem que ser levado em consideração.”

Ele conta que sua “caçula” nunca chegou perto de um gato, mas sempre que vê um, quer correr atrás do felino. “As outras que tive corriam, mas quando chegavam perto não faziam nada, uma até já tomou uma patada de um.”

Uma ligação especial com a raça

Rafael conta que suas primeiras cadelas da raça, Mel e Regininha, teriam mais de 20 anos se estivessem vivas, e Narcisa, que morreu em 25 de outubro, aos 12 anos de idade, era o “xodó” da família.

“Uns 20 e poucos anos atrás um amigo tinha um Whippet e, no começo, eu achei estranho”, confessa, revelando que a “estranheza” durou até que conhecesse melhor a raça. “Ali nasceu a minha paixão. Adquiri a primeira e já estou na sexta. Não tenho vontade de ter cão de outra raça”, afirma.

Histórias marcantes e curiosidades

Rafael conta sobre o “sofrimento” que teve quando adquiriu sua primeira cadela da raça, já que as pessoas pensavam que, por serem cães naturalmente esguios, ela não estava alimentando direito.

“Morava no Rio de Janeiro e quando era dia de praia e os ônibus passavam lotados, tinha que escutar coisas como ‘Dá comida pro cachorro, desgraçado’. Ainda hoje têm pessoas que quase brigam comigo para eu alimentar bem minhas cachorras e eu explico com a maior boa vontade do mundo”, conta Rafael, em tom bem-humorado.

“Uma vez ou outra ainda tenho que escutar que trato mal: ‘Além de magras, elas estão todas com o rabo entre as pernas, por que estão com medo?’. Novamente tenho que explicar mais uma característica da raça”, lamenta o tutor.

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Fonte: CANALDOPET.IG.COM.BR